Aleitamento materno reduz o risco de leucemia na infância

Maternidade
Última atualização: 15/12/2022
Aleitamento materno reduz o risco de leucemia na infância

Os benefícios do leite materno para o bebé e para a mãe têm sido amplamente divulgados e a amamentação promovida por entidades internacionais. Recentemente foi descoberto mais um benefício: pode também reduzir o risco de leucemia na infância.

A importância da amamentação materna

Desde 1991 que a Organização Mundial de Saúde e a UNICEF têm vindo a empreender um esforço mundial no sentido de proteger, promover e apoiar o aleitamento materno. Em 2021, na semana mundial da amamentação, estas duas entidades mundiais fizeram uma declaração conjunta. Esta declaração teve como objetivo incentivar os governos a alocar mais recursos para proteger, promover e apoiar políticas e programas de amamentação, especialmente para as famílias mais vulneráveis que vivem em situações de emergência. É o caso das populações do Afeganistão, Ucrânia, Iêmen, entre muitas outras. Mulheres nestas situações estão sujeitas a desgaste emocional, falta de espaço, privacidade e falta de saneamento. Por estas razões, manter a amamentação do bebé pode-se tornar impossível. É necessário tomar medidas neste contexto quer ao nível local (com alguns conselhos práticos) quer ao nível político.

Os benefícios

Uma das recomendações destas entidades é precisamente que os bebés devem beneficiar de aleitamento materno exclusivo até, no mínimo, aos 6 meses. Ou seja, até essa idade, o bebé deve ingerir apenas leite materno pois este contém todos os nutrientes necessários (incluindo gordura, hidratos de carbono, proteínas, vitaminas, minerais e água). Efetivamente, a amamentação é uma fonte de nutrientes segura e acessível para o bebé. Este leite é intrinsecamente especial porque a sua composição muda de acordo com as necessidades do bebé. Para além disso, a amamentação funciona como a primeira vacina dos bebés, dado que a mãe partilha anticorpos com o bebé. Isto é especialmente essencial quando estas famílias vivem em locais de mau acesso a vacinas. Os benefícios do leite materno, já comprovados cientificamente, incluem a prevenção de infeções, diabetes obesidade. Por outro lado, amamentar traz também benefícios para a mãe: ajuda-a a recuperar o peso que tinha antes da gravidez, reduz o risco de cancro da mamacancro do ovário e de osteoporose.

Leucemia na infância e aleitamento materno

Leucemia

O cancro infantil é uma das principais causas de mortalidade entre crianças e adolescentes no mundo desenvolvido. A leucemia é o cancro mais comum diagnosticado em crianças e adolescentes com menos de 20 anos e representa 25,1% de todos os casos de cancro diagnosticados nessa faixa etária, segundo a Sociedade de Leucemia e Linfoma. Pouco de sabe sobre fatores de risco para o desenvolvimento desta doença. No entanto, pensa-se que a causa será genética. Pequenas mutações no ADN da medula óssea provocam o crescimento descontrolado de células, resultando em leucemia. Estas mutações podem ser herdadas ou adquiridas (mesmo antes do bebé nascer). Outros estudos também apontam para a possibilidade da origem da leucemia ocorrer devido a uma combinação de fatores ambientais e genéticos, segundo a Sociedade Americana do Cancro.

A investigação

A investigação que destacamos sobre este tema envolveu a busca minuciosa em artigos publicados entre janeiro de 1960 e dezembro de 2014, o que permitiu pesquisar a associação entre o aleitamento materno e a leucemia infantil. A pesquisa acabaria por identificar 25 estudos relevantes, dos quais 18 preencheram todos os critérios de inclusão. A meta-análise dos 18 estudos indicou que a amamentação por um período de 6 ou mais meses está associada a uma diminuição de risco de leucemia infantil de 19% face às crianças que não foram amamentadas ou que foram amamentadas por menos tempo. Adicionalmente, 14 a 20% dos casos podiam ser evitados pela amamentação até pelo menos aos 6 meses ou mais. Assim, as crianças que foram alimentadas com leite materno por pelo menos 6 meses poderão ter um risco menor de desenvolver leucemia na infância em relação àquelas que não foram amamentadas com leite materno.

Mecanismos biológicos do leite materno

A explicação para este fenómeno poderá estar no facto do leite materno conter anticorpos produzidos pela mãe. Para além de promovem uma comunidade saudável de bactérias no intestino das crianças, também influenciam o desenvolvimento do sistema imunológico. Outra possibilidade apontada pelos especialistas é que o leite materno mantém os níveis de pH no estômago das crianças num patamar que promove a produção de proteínas benéficas chamadas Human Alfa-lactalbumina Made Lethal to Thumor cells – HAMLET, que podem ter a capacidade de induzir a morte de células cancerígenas. O leite materno também contém células estaminais, células estas que possuem propriedades similares às células estaminais de embriões e que podem ajudar o sistema imunológico na luta contra o cancro.

A amamentação: um momento de conexão entre mãe e bebé

A amamentação é muito benéfica para o bebé e, de acordo com a pesquisa referida, é detentor da capacidade de reduzir o risco de leucemia na infância. Esta é uma descoberta imensamente valiosa e mais uma razão para, se for possível, amamentar o seu bebé durante, pelo menos, os 6 primeiros meses de vida. É importante relembrar que o período pós-parto é super importante tanto na vida do bebé como da mãe. Os primeiros meses do bebé são igualmente um período de descoberta e grandes cuidados. Tome as medidas e cuidados necessários para fazer desta altura um período relaxante e feliz para si e para a sua família.

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