Infertilidade: quando a solução passa pela doação

Maternidade
Última atualização: 10/04/2023
  • É estimado que a infertilidade, doença do sistema reprodutivo, afete 48 milhões de casais em todo mundo, e 186 milhões de pessoas a nível individual;
  • Entre 10 a 15 por cento dos casos de infertilidade não podem ser resolvidos recorrendo às células sexuais do casal;
  • Para ser elegível para receber doação, o casal precisa de cumprir vários requisitos determinados pela CEMEARE;
  • Os dadores deverão ter no mínimo 18 anos, e um máximo de 34 anos, caso sejam do sexo feminino e 44 anos se forem do sexo masculino;
  • A nível de riscos, estes são inexistentes no caso do homem, enquanto no caso da mulher, devido à estimulação hormonal e à punção ovárica, existem riscos mínimos, mas que atualmente estão bem controlados com a otimização de protocolos;
  • A doação é feita de forma anónima e poderá ser revertida, desde que a mesma não tenha sido utilizada;
Infertilidade: quando a solução passa pela doação

A diretora da Clínica CEMEARE, Centro Médico de Assistência à Reprodução, responde a todas as questões sobre doação de ovócitos e espermatozoides.

Uma doença do sistema reprodutivo masculino ou feminino definida pela Organização Mundial da Saúde, como a falha em alcançar o estado de gravidez, após 12 meses ou mais de atividade sexual regular sem proteção, a infertilidade é um problema que se estima afetar 48 milhões de casais em todo mundo e 186 milhões de pessoas, tendo várias causas para a origem da mesma.

A doação de gâmetas (ovócitos ou espermatozoides) é uma das técnicas usadas no âmbito da procriação medicamente assistida, reconhecida por lei em Portugal desde 2006 e regulada pelo Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida (CNPMA). Estima-se que entre 10 a 15 por cento dos casos de infertilidade não possam ser resolvidos com células sexuais do próprio casal, segundo dados da Associação Portuguesa de Fertilidade, pelo que recorrer a ovócitos ou espermatozoides de dador pode permitir a concretização da tão desejada gravidez. Maria José Carvalho, médica de Ginecologia e Obstetrícia e diretora da CEMEARE, esclarece as principais questões sobre doação, no feminino e masculino.

Doação de ovócitos e espermatozoides — as principais dúvidas

 

1. Em que casos o casal pode recorrer à doação?

 

O casal pode recorrer ao CEMEARE, para utilização de ovócitos doados em situações de insucesso repetido dos tratamentos de procriação medicamente assistida (PMA) como a fertilização in vitro (FIV) ou microinjeção (ICSI), em situações de falência ovárica prematura, e em alguns casos de doença genética sem possibilidade de recurso a diagnóstico genético de pré-implantação (DGPI). No caso de o casal querer recorrer à doação de espermatozoides em situações de ausência de espermatozoides e em situações de doença genética sem possibilidade de recurso a DGPI. Todos os casais são avaliados em consulta de Psicologia para informação complementar e ponderação da sua decisão.

2. Que requisitos são necessários para ser dador(a)?

 

O dador tem de respeitar todos os requisitos do CNPMA, entidade reguladora da atividade de PMA em Portugal. A dadora deverá ter idade entre os 18 e 34 anos e o dador ter idade entre os 18 e 44 anos, ser saudável, sem história pessoal ou familiar de doença genética ou hereditária grave e psicologicamente equilibrada. Os dadores devem também ser rastreados clínica e analiticamente, sendo ainda efetuado um estudo genético do cariótipo. As análises serológicas para as doenças infeciosas têm de ser negativas.

Na nossa clínica obtemos as amostras do dador a partir de um Banco de Esperma certificado em Barcelona, que são responsáveis pela avaliação dos dadores.

3. E que contraindicações me impossibilitam ser dador(a)?

 

São contraindicações não respeitar os critérios do CNPMA, referidos anteriormente nos requisitos, e outras consideradas relevantes pela clínica.

4. Existe uma compensação financeira?

 

A doação é voluntária, de caráter benévolo, e não remunerada, embora exista uma compensação limitada ao reembolso das despesas efetuadas, cujo valor é estipulado pelo CNPMA e é o mesmo em todo o território nacional.

5. Este processo acarreta riscos para o/a dador(a)?

 

No caso da dadora, esta é informada previamente de que existem riscos mínimos relacionados com a estimulação hormonal e a punção ovárica, mas são riscos relativamente bem controlados pelos protocolos atuais. Estes procedimentos não interferem na capacidade fértil da dadora porque os ovócitos recrutados são apenas os que estão disponíveis para aquele ciclo menstrual, não afetando a reserva ovárica. Já no que toca ao dador, este não acarreta riscos no que se refere ao processo de doação.

6. Em que consiste o processo de doação? O que terei de fazer exatamente e durante quanto tempo?

A dadora efetua um tratamento hormonal com injetáveis, sendo simultaneamente monitorizada através de análises e ecografia durante cerca de 10 dias. Será depois submetida a uma colheita de ovócitos por punção transvaginal sob sedação analgésica. No caso do dador, este colhe esperma por masturbação para um recipiente esterilizado. Em seguida, o esperma é preparado em laboratório e criopreservado em palhetas que ficam armazenadas em azoto líquido.

7. A doação é feita sob anonimato?

 

A doação e todo o processo dos dadores são efetuados sob anonimato.

8. Posso fazer mais do que uma doação?

 

A legislação atual permite efetuar 3 colheitas de ovócitos a cada dadora. Ao dador, a legislação atual permite obter esperma de um mesmo dador em múltiplas colheitas de espermatozoides. A utilização das amostras de um dador poderá ser utilizada de acordo com os critérios exigidos pelo CNPMA.

9. É possível retroceder na decisão depois do tratamento?

 

A dadora pode não querer doar os seus ovócitos até ao momento da fertilização dos ovócitos. E o dador pode não doar até ao momento da utilização da amostra.

10. Vou saber a quem se destina a minha doação?

 

Os dadores não poderão saber a quem se destina a sua doação.

A doação de ovócitos ou espermatozoides oferece uma resposta a muitos casais afetados pela infertilidade e que, por questões genéticas ou de insuficiência das células sexuais, não conseguem engravidar.

NOTA: Estas respostas visam prestar informação geral. Todo o processo de obtenção de ovócitos e espermatozoides doados encontra-se fora do protocolo de colaboração entre a AdvanceCare e a CEMEARE.

Este artigo foi útil?

Conselho cientifico

Conteúdo revisto

pelo Conselho Científico da AdvanceCare.

A presente informação não vincula a AdvanceCare a nenhum caso concreto e não dispensa a leitura dos contratos de seguros/planos de saúde nem a consulta de um médico e/ou especialista.

Downloads

Consulte os nossos guias para hábitos saudáveis:

Sympton Checker

Utilize a nossa ferramenta de diagnóstico de sintomas.

Programas AdvanceCare relacionados

Artigos relacionados