A esquizofrenia é uma perturbação grave que leva o doente a confundir a fantasia com a realidade e que geralmente conduz a modos de vida inadaptada e ao isolamento social.

O aparecimento da doença ocorre, normalmente, entre os 16 e os 25 anos de idade, em ambos os sexos. O perfil do aparecimento da doença não é uniforme tanto no que se refere à altura do seu aparecimento como à forma como ela se revela, ou seja, varia de indivíduo para indivíduo e do próprio desenvolvimento da doença, sendo que a evolução da esquizofrenia pode ser caracterizada por duas fases: súbita ou lenta. Na fase súbita, a doença manifesta-se rapidamente e tem uma evolução em escassos dias ou semanas, enquanto que na fase lenta o diagnóstico precoce é muito mais difícil e pode mesmo levar vários meses ou anos até que seja detetado.

Para o diagnóstico clínico da esquizofrenia é necessário que estejam presentes sintomas que a caracterizam, por um período superior a seis meses.

esquizofrenia Áreas do cérebro que se pensa estarem envolvidas na esquizofrenia. No centro, a amarelo, os gânglios envolvidos nas funções motoras e de aprendizagem. À esquerda é o lobo frontal (verde-limão), que contempla as funções da memória, linguagem, controlo de impulsos e personalidade.

Em Portugal, existem cerca de 100 mil doentes esquizofrénicos, ou seja, cerca de um por cento da população nacional, números que acompanham a prevalência a nível mundial.

Causas da Esquizofrenia

Embora a causa específica da esquizofrenia seja desconhecida, a perturbação tem uma base biológica. A esquizofrenia parece ser um fenómeno de “vulnerabilidade ao stress” que se produz em pessoas biologicamente predispostas à doença.

A predisposição genética, os problemas que ocorreram antes, durante ou depois do nascimento ou uma infeção viral do cérebro parecem ser algumas das explicações possíveis para o aparecimento da doença. Os indivíduos podem manifestar previamente vulnerabilidade, dificuldade para processar a informação, dificuldade de concentração, dificuldade em estabelecer laços sociais e dificuldade em aceitar e gerir problemas.

A exposição destes indivíduos a situações de tensão emocional e ambiental, como acontecimentos perturbadores da vida ou o consumo de substâncias tóxicas, desencadeia o aparecimento do quadro esquizofrénico em indivíduos vulneráveis.

Sintomas da Esquizofrenia

  • Alucinações visuais.
  • Alucinações cenestésicas (da perceção do movimento).
  • Alucinações auditivas.
  • Delírios.
  • Discurso desorganizado.
  • Catatonia (alternância de períodos de passividade e de excitação extrema e repentina).
  • Sintomas depressivos.
  • Transtornos afetivos.
  • Empobrecimento de pensamento (alogia).
  • Avaolição (incapacidade de iniciativa).
  • Disfunção social e ocupacional.

A teoria sobre a esquizofrenia não é consensual. Enquanto alguns investigadores a consideram uma patologia de expressão isolada, outros consideram-na uma síndrome (um conjunto de sintomas baseados em numerosas doenças subjacentes).

Na tentativa de classificar a doença foram propostos alguns subtipos de esquizofrenia. No entanto, num mesmo doente, o subtipo pode variar ao longo do tempo.

Há várias perturbações que partilham características comuns com a esquizofrenia.

Perturbações esquizofreniformes: perturbações que se parecem com a esquizofrenia, mas nas quais os sintomas estiveram presentes menos de seis meses.

Perturbações psicóticas breves: os episódios de sintomas psicóticos duram pelo menos um dia e menos de um mês.

Perturbação esquizoafetiva: caracteriza-se pela presença de sintomas do humor, como a depressão ou a mania, juntamente com outros sintomas típicos da esquizofrenia.

Perturbação esquizotípica de personalidade: Perturbação da personalidade com alguns sintomas da esquizofrenia, mas que, por evidenciarem menos gravidade, não reúnem os critérios de psicose.

 A esquizofrenia revela-se normalmente no início da idade adulta nos homens (entre os 16 e os 25 anos) e mais tardiamente nas mulheres (entre os 26 e os 45 anos), podendo contudo revelar-se na infância ou no início da adolescência. O aparecimento pode ser súbito – no espaço de dias ou semanas, sendo que a sintomatologia pode variar significativamente de uns doentes para outros.

Em conjunto, os sintomas agrupam-se em três grandes categorias: delírios e alucinações, alteração do pensamento e do comportamento e sintomas negativos ou por défice.

1.      Delírios e Alucinações

Delírios – consistem em crenças falsas que advêm da má interpretação das perceções ou das experiências. Por exemplo, as pessoas com esquizofrenia podem experimentar delírios persecutórios, crendo que estão a ser atormentadas, seguidas, enganadas ou espiadas. Podem ter delírios de referência, isto é, podem acreditar que passagens de livros ou jornais, canções ou notícias televisivas lhes são dirigidas particularmente. Podem acreditar que os outros lhes lêem a mente ou que há passagem de pensamentos de si para os outros e que os seus pensamentos e impulsos lhes são impostos por forças externas.

Alucinações – podem ocorrer alucinações auditivas, alucinações visuais ou olfativas, de gosto ou tato. As alucinações auditivas são, contudo, as mais frequentes, traduzindo-se na audição de vozes que comentam o seu comportamento, que conversam entre elas ou que fazem comentários críticos e abusivos sobre si.

2. Alterações do Pensamento e Comportamento

Alteração do pensamento – o pensamento torna-se desorganizado e a expressão incoerente e sem sentido (a expressão oral pode estar levemente desorganizada ou ser completamente incoerente e incompreensível).

Alteração do comportamento – o comportamento pode tornar-se infantilizado e simplista. O doente pode revelar agitação, comportamento desapropriado e alteração na aparência e hábitos de higiene. O doente pode assumir uma postura rígida, mostrando total resistência ao movimento ou, pelo contrário, demonstrar atividade motora sem sentido.

3. Sintomas Negativos

Sintomas negativos ou por défice da esquizofrenia – incluem frieza de emoções, pobreza de expressão, anedonia (incapacidade de sentir prazer) e associabilidade. O doente torna-se pouco emotivo e a face perde expressão. Estabelece pouco ou nenhum contacto visual e não reage a circunstâncias que comumente despertam riso ou choro.

A capacidade de pensamento e de reflexão tornam-se reduzidas e a comunicação oral é fraca. As respostas podem ser concisas, de uma ou duas palavras, o que dá a sensação de vazio interior. O doente pode demonstrar desinteresse pelas atividades que anteriormente lhe suscitavam interesse, passando a dedicar o seu tempo a práticas inúteis. O indivíduo torna-se associal, demonstrando uma perda geral de motivação e de sentido.

Tratamento da Esquizofrenia

O diagnóstico é estabelecido com base em critérios clínicos, através da colheita da história do doente. O diagnóstico da doença implica a presença de sintomas por um período superior a seis meses, associados à deterioração significativa das atividades laborais ou escolares e relacionamento social.

O recurso a análises laboratoriais é frequente, mas apenas visa excluir outras hipóteses justificativas do quadro sintomatológico em questão (como o abuso de substâncias tóxicas ou a existência de perturbação de tipo endócrino ou neurológico).

O tratamento visa reduzir a gravidade dos sintomas psicóticos, prevenir o reaparecimento dos episódios sintomáticos e a deterioração associada do funcionamento do indivíduo. Os fármacos antipsicóticos, a reabilitação e as atividades com apoio comunitário e a psicoterapia são os três componentes principais do tratamento.

O desenvolvimento da doença está intimamente relacionado com o grau de fidelidade com que a pessoa cumpre o plano do tratamento farmacológico. Sem tratamento farmacológico, 70% a 80% das pessoas que experimentaram um episódio de esquizofrenia manifestam durante os 12 meses seguintes um novo episódio. A administração continuada de medicamentos pode reduzir para cerca de 30% a proporção de recaídas.

Artigo revisto e validado pelo especialista em Medicina Gerakl e Familiar José Ramos Osório.

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