Automedicação: um risco ou um erro?

Saúde e Medicina
Última atualização: 16/12/2022
Automedicação: um risco ou um erro?

O que não deve fazer

Quem nunca se automedicou atire a primeira pedra… e quem nunca disponibilizou um medicamento para a dor de cabeça de um amigo ou colega de trabalho, também. Além de um erro, este hábito pode trazer riscos sérios para a sua saúde. Saiba quais!

A automedicação é uma atitude comum

É vulgar, quando uma pessoa sente arrepios, dores de cabeçafebre, alguém dizer que quando costuma estar com aqueles sintomas toma determinado medicamento (paracetamol, por exemplo), oferecendo-se para ajudar com a melhor das intenções. Identifica-se com esta situação? É natural que sim. Mas deve saber que esta atitude, aparentemente boa e comum, comporta riscos.

A verdade é que “a automedicação leva a que pessoa tome um medicamento sem ter a certeza de saber exatamente o que tem e sem ter a certeza se os seus sintomas correspondem a determinada doença. E esta decisão é sempre um perigo”, explica Ramos Osório, especialista em Medicina Geral e Familiar.

Mesmo que determinada medicação tenha sido eficaz para um familiar próximo, a avaliação deve ser feita individualmente. “Não quer isto dizer que o medicamento não possa realmente funcionar, mas só o saberemos ao certo se fizermos o diagnóstico da situação”, adianta o especialista. E acrescenta: “Só ao médico cabe a prescrição médica, embora este seja um tema muito polémico, nomeadamente entre as farmácias e os médicos.”

Para Ramos Osório, no entanto, pode haver alguma exceção: nos casos em que determinada medicação tenha sido prescrita anteriormente, numa situação semelhante: “O que costumo combinar com os meus doentes de há muitos anos, no caso da gripe, por exemplo, é que não será necessário vir a correr para o médico a menos que tenham dúvidas. Mas se sabem que têm os sintomas que ambos já debatemos em consulta, podem fazer a medicação que lhes sugeri – e que resultou naquele caso – durante 2 a 3 dias. Ao fim desse tempo, se os sintomas não passarem, aí sim é obrigatório procurar ajuda especializada”, diz-nos. Depois, há que ter sempre em conta a idade, o facto de ser ou não fumador e as doenças crónicas, pois tudo “depende do bom senso dos doentes e da sua própria história clínica”.

Terapêuticas alternativas

Muitos doentes optam por procurar alternativas à medicina dita tradicional. Na opinião de Ramos Osório, a decisão é de cada doente mas é indispensável informar o seu médico assistente e, sobretudo, que nunca o esconda. “Formalmente, não tenho nada contra as medicinas e terapêuticas alternativas.” E enfatiza: “Não tenho absolutamente nada contra um doente procurar uma medicina alternativa, mas deve dizê-lo ao seu médico assistente, pois existem medicamentos ditos naturais que interferem com a eficácia da medicação vendida na farmácia”.

Automedicação programada é a única exceção

A questão da gripe e da automedicação já anteriormente programada é muito frequente no caso das crianças, quando as mães já foram informadas pelo pediatra sobre como agir face aos sintomas gripais. “Todas as outras situações, tanto em crianças como em adultos, que não foram combinadas ou discutidas com o médico assistente são de uma grande irresponsabilidade. Até porque devemos ter em conta não só os efeitos secundários dos medicamentos, mas o facto de poderem interagir uns com os outros de forma prejudicial”, explica o especialista em Medicina Geral e Familiar.

Os principais perigos da automedicação

Corroborando as ideias já evidenciadas pelo especialista Ramos Osório, a Gateway Foundation reforça que “a automedicação pode ser perigosa e levar a várias complicações e problemas de saúde”, sendo que “os riscos potenciais da automedicação incluem, desde logo, um autodiagnóstico incorreto e a toma de medicação não indicada”. Mas não só! Em alguns casos, podem suceder interações medicamentosas perigosas devido a uma dose incorreta ou uso indevido de medicamentos. Para minimizar os riscos potenciais, nunca é demais repetir, procure sempre um profissional médico para que este forneça um diagnóstico preciso e, se for caso, prescrever os fármacos adequados para o seu caso. Fique, em baixo, com os principais perigos que podem resultar da automedicação.

  • Uso indevido de substâncias: Quando toma um medicamento sem consultar um médico ou profissional de saúde, pode escolher o medicamento errado. Além disso, a automedicação aumenta o risco de tomar uma dose incorreta ou usar medicamentos durante mais tempo do que o necessário.
  • Dependência de substâncias: Se tomar determinadas substâncias durante um período prolongado, o seu organismo pode tornar-se dependente dessas substâncias para continuar a funcionar corretamente.
  • Mascarar uma condição médica: Embora possa pensar que tomar medicamentos para aliviar os sintomas é benéfico, muitas vezes pode estar a mascarar os sintomas de uma condição médica subjacente. Se não procurar orientação médica adequada, uma condição médica subjacente pode piorar e mesmo tornar-se grave.
  • Interações medicamentosas: ao tomar vários medicamentos ou combinar medicamentos com álcool ou uso de substâncias está a aumenta o risco de uma interação medicamentosa que pode ser grave. Só os médicos podem garantir a segurança do medicamento.
  • Complicações médicas: O uso indevido ou excessivo de medicamentos pode aumentar o risco de complicações médicas graves. Tomar muita medicação ou uma medicação incorreta pode causar sintomas prejudiciais, incluindo náuseas, convulsões, diarreia e até a morte.

3 conselhos para evitar a automedicação

  1. Não abuse do paracetamol: “Por norma, as pessoas desconhecem que a utilização do paracetamol em excesso pode levar a complicações, como por exemplo insuficiência renal. Há doses de paracetamol altamente tóxicas”, explica Ramos Osório.
  2. Procure os conselhos de quem é realmente responsável: Todas as pessoas devem ser seguidas pelo seu médico assistente porque é ele quem tem a responsabilidade clínica. “Se uma pessoa for à farmácia buscar um medicamento e se a situação correr mal ou não ficar resolvida, o farmacêutico não pode ser chamado à atenção porque não tem responsabilidade médica”, alerta o médico.
  3. Cuidado com a internet: “Normalmente, as pessoas que investigam doenças na internet vêm sempre assustadas porque essas pesquisas não dão resposta às suas dúvidas. Fico muito satisfeito quando os doentes chegam devidamente informados, ou seja, de alma aberta para conversarem comigo. Mas estar mais informado não significa enfrentar o médico.”

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