Hipertensão e jovens
- O número de crianças e jovens com hipertensão arterial tem aumentado de forma significativa.
- O risco de desenvolver hipertensão é mais elevado entre os jovens com excesso de peso ou obesidade.
- A adoção de hábitos saudáveis é fundamental para a prevenção da hipertensão.

Uma em cada oito crianças e jovens tem tensão arterial elevada.
A hipertensão arterial ocorre quando o sangue exerce uma pressão excessiva sobre as paredes das artérias, acima dos valores considerados normais.
Apesar da incidência da hipertensão ser mais elevada na população idosa, tem-se verificado um aumento de casos entre os mais jovens (idade inferior a 35 anos).
Os valores normais da pressão arterial nos jovens não são iguais aos dos adultos. De acordo com a Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP), os valores de referência variam consoante o género, a idade, o peso e a fase de crescimento, não sendo possível estabelecer um valor único para definir hipertensão, como acontece nos adultos.
Assim, a pressão arterial deve ser medida e interpretada por profissionais de saúde no contexto clínico específico de cada criança ou adolescente.
Na Europa, estima-se que a prevalência da hipertensão arterial em idade pediátrica seja de 3 a 5%. Segundo a Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPHTA), cerca de 12,8% das crianças e jovens entre os 5 e os 18 anos apresentam pressão arterial elevada.
Quais os fatores de risco?
A hipertensão nas crianças e jovens pode resultar da interação entre fatores genéticos e ambientais.
Os principais fatores que podem afetar a pressão arterial são:
- História familiar de hipertensão;
- Excesso de peso ou obesidade;
- Sedentarismo;
- Alimentação desequilibrada (com excesso de sal e açúcar);
- Privação de sono;
- Consumo de álcool, tabaco ou substâncias ilícitas;
- Consumo de determinados medicamentos;
- Diabetes;
- Doença renal;
- Doença endócrina;
- Níveis elevados de colesterol.
Em muitos casos, a hipertensão em crianças e jovens resulta de doenças renais, vasculares ou a alterações hormonais.
Quais são os sintomas?
A hipertensão arterial pode desenvolver-se de forma silenciosa ao longo de vários anos, sem provocar sintomas evidentes. Quando surgem sinais, estes tendem a ser vagos e pouco específicos.
Certos sinais, embora não sejam exclusivos da hipertensão, devem motivar uma avaliação médica, nomeadamente:
- Dores de cabeça recorrentes, por vezes acompanhadas de náuseas e vómitos;
- Alterações visuais, como visão turva;
- Dor ou pressão no peito;
- Sensação geral de mal-estar ou cansaço inexplicado.
Como é feito o diagnóstico?
A hipertensão é, na maioria das vezes, uma doença silenciosa. Por isso, a medição regular da pressão arterial é fundamental para identificar precocemente alterações nos valores e possíveis doenças associadas.
A Sociedade Europeia de Pediatria recomenda que, a partir dos 3 anos de idade, a pressão arterial seja medida em todas as consultas de rotina.
Em determinadas situações clínicas, esta avaliação deve ser iniciada antes dos 3 anos, tais como:
- Crianças com doenças cardíacas congénitas;
- Prematuros;
- Bebés com baixo peso à nascença;
- Crianças com internamentos prévios em Unidades de Cuidados Intensivos;
- História familiar de doenças renais congénitas;
- Episódios frequentes de infeções urinárias.
Sempre que forem detetados valores elevados de tensão arterial, o diagnóstico só deve ser considerado após medições repetidas em, pelo menos, três momentos distintos.
Crianças e jovens com pressão arterial elevada devem ser avaliados anualmente, enquanto aqueles com valores dentro do normal devem ser reavaliados a cada dois anos.
Como tratar?
O principal objetivo do tratamento da hipertensão em crianças e jovens é reduzir os níveis de tensão arterial e evitar complicações a longo prazo.
Quando a hipertensão está associada a outras patologias, é fundamental o tratamento da doença de base.
De forma geral, a primeira abordagem passa pela adoção de hábitos de vida saudáveis. Em determinados casos, e sempre sob orientação médica, pode ser necessário recorrer a medicação para controlar a pressão arterial.
Como prevenir?
A prevenção desempenha um papel crucial na redução do risco de hipertensão e na limitação das consequências a longo prazo.
O envolvimento da família é determinante — desde a promoção de hábitos saudáveis até ao acompanhamento contínuo do tratamento.
Entre as principais medidas preventivas, destacam-se:
- Reduzir o consumo de sal, de açúcar e de produtos alimentares processados;
- Aumentar a ingestão de água e o consumo de frutas e legumes frescos;
- Evitar o uso de tabaco, álcool ou substâncias nocivas;
- Praticar atividade física regular e adequada à idade;
- Limitar o tempo passado em atividades sedentárias, como o uso prolongado de ecrãs;
- Manter um peso corporal adequado à fase de crescimento;
- Monitorizar a pressão arterial nas consultas médicas.
Este compromisso conjunto entre pais, cuidadores e profissionais de saúde torna possível não só prevenir a hipertensão em crianças e jovens, como também reduzir a sua incidência em gerações futuras.

Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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