Cancro do Cólon e Reto

O cólon (intestino grosso) e o reto fazem parte do aparelho digestivo, que tem como função a absorção dos nutrientes. Após terem sido digeridos no estômago os alimentos passam para o intestino delgado e depois para o cólon, onde são transformados em fezes. Uma vez formadas, as fezes passam para o reto (parte final do intestino grosso), sendo eliminadas pelo ânus.

O cólon mede 1,5 metros e é constituído por cinco partes:

  • Cólon ascendente.
  • Cólon descendente.
  • Sigmóidea e reto.

À semelhança de todas as outras células do organismo, as células epiteliais do cólon possuem um mecanismo de renovação celular (as células envelhecidas ou defeituosas morrem dando origem a novas células normais). As novas células são renovadas à medida das necessidades do organismo. Quando o processo de renovação celular apresenta uma falha no seu código genético (DNA), as células podem passar a produzir-se de forma descontrolada, dando origem ao cancro.

Células do cancro do cólon.

Uma vez que a transformação do pólipo em cancro demora alguns anos, um programa de vigilância adequado permite controlar o aparecimento de lesões.

O cancro do cólon e reto começa frequentemente num pólipo (crescimento anómalo de tecido epitelial na parede do intestino). Os pólipos podem ser removidos antes de se tornarem malignos. Uma vez que a transformação do pólipo em cancro demora alguns anos, um programa de vigilância adequado permite controlar o aparecimento de lesões, erradicando-as antes de e tornarem malignas.

Quando os pólipos não são removidos e se transformam em cancro podem invadir as várias camadas do órgão e disseminar-se pelo organismo.

A parede do cólon tem 5 camadas:

  • Mucosa (camada mais interna), composta por tecido epitelial, conjuntivo e muscular.
  • Submucosa, composta por tecido conjuntivo e vasos.
  • Muscular
  • Subserosa, composta por tecido conjuntivo
  • Serosa

Causas de Cancro do Cólon e Reto

Apesar de ainda não terem sido encontradas as causas do cancro do cólon e reto, há fatores de risco conhecidos que aumentam a probabilidade de desenvolver este tipo de tumor:

Idade– O risco de cancro do cólon e reto aumenta com a idade. Cerca de 90% dos doentes com este cancro têm mais de 50 anos.

Pólipos do cólon - Os pólipos podem ser:

  • Hiperplásicos – Aparecem no fim do cólon e raramente são malignos.
  • Adenomatosos – Não são cancro, mas têm potencial maligno. Se não forem removidos podem dar origem a cancro.
  • Inflamatórios – Raramente relacionadas com cancro e aparecem no contexto de doenças inflamatórias intestinais.

Doença inflamatória do intestino– Colite ulcerosa e doença de Crohn.

Antecedentes familiares de cancro – O risco de vir a ter cancro aumenta em função do número de casos existentes na família. O risco é mais elevado caso haja parentes de 1º ou 2º grau afetados. Existem formas de cancro do cólon que têm origem em mutações genéticas conhecidas e que são de origem hereditária:

  • Síndrome de Lynch – Doença hereditária com origem numa mutação genética. Dois em cada 100 doentes com cancro do cólon e reto têm Síndrome de Lynch.
  •  Polipose Adenomatosa – Doença hereditária, na qual os indivíduos portadores da mutação genética apresentam centenas a milhares de pólipos intestinais. Nesta doença, os doentes desenvolvem cancro por volta dos 40 anos. Representa 1% dos casos de cancro do cólon.

Histórico pessoal de cancro do cólon e reto– Um doente que tenha tido um cancro do cólon e reto, tem maior risco de vir a ter novamente a doença.

Síndrome genético– O cancro do cólon e reto pode estar associado a um síndrome genético, aparecendo associado a cancros do útero, pâncreas e ovário.

Alimentação– Uma dieta pobre em frutas e vegetais, cálcio e fibra, e rica em gordura, pode eventualmente constituir um fator de risco.

Tabagismo– O consumo de tabaco aumenta a probabilidade de se desenvolverem pólipos no intestino.

Sintomas de Cancro do Cólon e Reto

Os sintomas mais comuns, são:

  • Alterações dos hábitos intestinais (diarreia ou obstipação invulgares).
  • Sensação de que o intestino se mantém cheio após evacuar.
  • Sangue nas fezes ou fezes de consistência diferente, alternando entre obstipação e diarreia.
  • Cólicas.
  • Plenitude abdominal.
  • Perda de peso.
  • Cansaço extremo.
  • Náusea ou vómitos.

Tratamento e diagnóstico de Cancro do Cólon e Reto

A aquisição de hábitos saudáveis e uma vigilância adequada permite detetar antecipadamente o cancro do cólon e reto (o diagnóstico precoce deve realizar-se a partir dos 50 anos ou mediante a aferição do risco que cada indivíduo apresenta).

O diagnóstico realiza-se através de:

Colonoscopia total – consiste na introdução de um tubo pelo ânus (colonoscópio) que permite a observação de todo o cólon. Caso existam pólipos, serão removidos e enviados para análise.

Sigmoidoscopia flexível – a partir da mesma técnica (colonoscopia), é visualizada a parte terminal do cólon (sigmóidea), local onde se manifestam a maioria dos cancros.

Pesquisa de sangue oculto nas fezes – A presença de sangue pode ser um indicador importante no despiste do cancro. Caso seja encontrado sangue, deve proceder-se à colonoscopia total.

Clister opaco – Consiste na introdução de contraste (geralmente bário) no intestino e posterior realização de exame raio-x abdominal.

Toque retal

Perante a evidência de um cancro, é necessário proceder-se ao estadiamento da doença, de forma a aferir qual o tipo de tratamento mais adequado a cada caso.

 Os exames de estadiamento podem incluir:

  • Análise ao marcador tumoral através de análise ao sangue– permite procurar o antigénio carcinoembrionico (CEA)
  • Colonoscopia – caso a mesma não tenha sido realizada anteriormente, faz-se colonoscopia em todo o órgão para detetar sinais da doença.
  • Ecografia endoretal– permite verificar a profundidade do cancro do reto e se os gânglios linfáticos ou outras camadas da parede do cólon foram invadidos.
  • Radiografia ao tórax – deteta metástases nos pulmões.
  • TAC– permite observar se o cancro metastizou para o fígado, pulmões ou outros órgãos.

O estadiamento do cancro do cólon e reto pode ser classificado da seguinte forma:

Estádio 0 – Cancro in situ, no qual só a mucosa foi invadida.

Estádio I – O cancro invadiu a submucosa ou a muscular.

As opções de tratamento para os estádios 0 e 1 são:

  • Cirurgia - A cirurgia por laparoscopia é utilizada nas fases inicias da doença. Através da realização de pequenas incisões no abdómen, a lesão é extraída.

Estádio II – O cancro invadiu a serosa ou órgãos vizinhos ao cólon. As opções de tratamento são:

  • Cirurgia
  • Quimioterapia

Estádio III – O cancro invadiu gânglios linfáticos circundantes do cólon. As opções de tratamento são:

  • Cirurgia
  • Quimioterapia

Estádio IV – O cancro metastizou para órgãos à distância. As opções de tratamento são:

  • Quimioterapia

Nas fases mais avançadas da doença, realiza-se uma colectomia – intervenção cirúrgica que implica a remoção de todo ou de parte do cólon e do reto. Quando não é possível unir as partes do cólon após resseção da área afetada pelo tumor, procede-se a uma colostomia. A colostomia consiste na realização de uma abertura na parede abdominal que liga a parte superior do intestino ao exterior, onde se coloca um saco. As fezes passam a ser expelidas pelo organismo através desta abertura. Este procedimento ocorre normalmente até haver cicatrização dos tecidos. Quando possível, a colostomia é encerrada e o trânsito intestinal restabelecido. No cancro retal a colostomia pode ser definitiva. Para além disso, no cancro do reto recorre-se habitualmente à quimioradioterapia, pré ou pós cirúrgica (que pode igualmente ser utilizada para controlo da dor).

 Artigo revisto e validado pelo especialista em Medicina Geral e Familiar José Ramos Osório.

 

 

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