O coração é o músculo mais importante do corpo humano, uma vez que é o órgão encarregue de bombear o sangue, transportando oxigénio e nutrientes a todos os órgãos e células, por meio das artérias.
De um modo geral, as doenças cardiovasculares são o conjunto de doenças que afetam o aparelho cardiovascular, designadamente o coração e os vasos sanguíneos.
As doenças cardiovasculares devem-se essencialmente à acumulação de gorduras na parede dos vasos sanguíneos – aterosclerose. Um fenómeno que tem início numa fase precoce da vida e que progride silenciosamente durante anos, (habitualmente já está avançado quando aparecem as primeiras manifestações clínicas). As suas consequências mais importantes – o enfarte do miocárdio, o acidente vascular cerebral – são frequentemente súbitas e inesperadas.
A maior parte das doenças cardiovasculares resulta de um estilo de vida inapropriado e de fatores de risco modificáveis. O controlo dos fatores de risco é uma arma potente para a redução das complicações fatais e não fatais das doenças cardiovasculares.
As doenças cardiovasculares são responsáveis por cerca de 40% dos óbitos em Portugal, sendo igualmente responsáveis por uma elevada taxa de incapacidade.
As doenças cardiovasculares com mais expressão, são:
- Aterosclerose – caracteriza-se pela presença depósitos de várias substâncias nas paredes das
artérias, incluindo substâncias gordas, como o colesterol e outros elementos que são transportados pela corrente
sanguínea.
É uma doença lenta e progressiva e pode iniciar-se ainda durante a infância. Contudo, regra geral, não causa qualquer sintomatologia até aos 50/70 anos, embora possa atingir adultos jovens (30/40 anos), principalmente se forem fumadores intensivos. A aterosclerose afeta artérias de grande e médio calibre, sendo a causa principal de:
Acidente Vascular Cerebral – vulgarmente chamado de hemorragia ou trombose cerebral, é caracterizado pela perda rápida de função neurológica, decorrente do entupimento (isquemia) ou rutura (hemorragia) de vasos sanguíneos cerebrais. É uma doença de início súbito na qual o paciente pode apresentar paralisação ou dificuldade de movimento dos membros de um mesmo lado do corpo, dificuldade na fala ou articulação das palavras e défice visual súbito de uma parte do campo visual. Pode deixar sequelas, e evoluir para coma e morte.
Doença das Artérias Coronárias – caracteriza-se pela acumulação de depósitos de gordura nas células que revestem a parede de uma artéria coronária e, em consequência, obstrução à passagem do sangue.
- Angina de Peito – a angina ou angina de peito, consiste numa dor torácica transitória ou uma sensação de pressão que se produz quando o músculo cardíaco não recebe oxigénio suficiente. Aparece de forma característica durante um esforço físico, dura só alguns minutos e desaparece com o repouso. Algumas pessoas podem prevê-la, pois conhecem com que grau de esforço a angina de peito se manifesta (para outras os episódios são imprevisíveis).
- Enfarte Agudo do Miocárdio – o enfarte agudo do miocárdio, vulgarmente conhecido como ‘ataque cardíaco’, é uma urgência médica na qual o fluxo sanguíneo que chega ao coração se vê reduzido ou interrompido de maneira brusca e grave produzindo, como consequência, a destruição (morte) do músculo cardíaco (miocárdio) por falta de oxigénio.
- Cardiopatia Isquémica – consiste na doença cardíaca provocada por depósitos ateroscleróticos que conduzem à redução do lúmen das artérias coronárias. O estreitamento pode causar angina de peito e enfarte agudo do miocárdio se em vez de redução do lúmen arterial se verificar obstrução total do vaso.
- Doença Arterial Coronária – situação clínica em que existe estreitamento do calibre das artérias coronárias, provocando uma redução do fluxo sanguíneo no músculo cardíaco.
Causas de Doenças Cardiovasculares
A idade e a história familiar encontram-se entre as condições que aumentam o risco de uma pessoa vir a desenvolver doenças no aparelho cardiovascular. Contudo, existe um outro conjunto de fatores de risco individuais sobre os quais podemos influir e que estão, sobretudo, ligados ao estilo e ao modo de vida atual.
- Tabagismo – é considerado o fator de risco mais importante para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares. O risco aumenta quando a exposição se inicia antes dos 15 anos de idade, em particular para as mulheres, uma vez que o tabaco reduz a proteção aparentemente conferida pelos estrogénios. As mulheres que recorrem à anticoncepção oral (toma da pílula) e que fumam estão sujeitas a um maior risco de acidente cardiovascular. O tabagismo favorece o aparecimento da Angina de Peito, do Enfarte do Miocárdio e da Doença Arterial Periférica, e pode levar, inclusive, à morte. O risco de acidente vascular cerebral também aumenta, nos fumadores, de modo proporcional ao número de cigarros fumados por dia. A cessação do hábito tabágico é, isoladamente, a medida preventiva mais importante para as doenças cardiovasculares.
- Sedentarismo – a inatividade física é hoje reconhecida como um importante fator de risco para as doenças cardiovasculares. A falta de prática regular de exercício físico moderado potência outros fatores de risco suscetíveis de provocarem doenças cardiovasculares, tais como a hipertensão arterial, a obesidade, a diabetes ou a hipercolesterolemia.
- Obesidade – o risco de um acidente vascular cerebral ou do desenvolvimento de uma outra doença cardiovascular aumenta com o excesso de peso, mesmo na ausência de outros fatores de risco. É particularmente perigosa uma forma de obesidade designada obesidade abdominal que se caracteriza por um excesso de gordura principal ou exclusivamente na região do abdómen. A obesidade abdominal está associada a um maior risco de desenvolvimento de diabetes e doenças cardiovasculares.
- Maus hábitos alimentares – o excesso de consumo de sal, de gorduras, de álcool e de açúcares de absorção rápida na alimentação, por um lado, e a ausência de legumes, vegetais e frutos frescos, por outro, são dois fatores de risco, associados às doenças cardiovasculares.
- Hipercolesterolemia – manifesta-se quando os valores do colesterol no sangue são superiores aos níveis máximos recomendados em função do risco cardiovascular individual. Há dois tipos de colesterol:
- HDL (High Density Lipoproteins), designado por “bom colesterol”, é constituído por colesterol retirado da parede dos vasos sanguíneos e que é transportado até ao fígado para ser eliminado.
- LDL (Low Density Lipoproteins) é denominado “mau colesterol” – quando em quantidade excessiva, ao
circular livremente no sangue, se torna nocivo, acumulando-se perigosamente na parede dos vasos
arteriais.
Quer o excesso de colesterol LDL, quer a falta de colesterol HDL, aumentam o risco de doenças cardiovasculares, principalmente o enfarte do miocárdio. - Hipertensão Arterial – situações em que se verificam valores de pressão arterial aumentados. Para esta caracterização, consideram-se valores de pressão arterial sistólica (“máxima”) superiores ou iguais a 140 mm Hg (milímetros de mercúrio) e/ou valores de pressão arterial diastólica (“mínima”) superiores ou iguais a 90 mm Hg. A hipertensão arterial está associada a um maior risco de doenças cardiovasculares, particularmente o acidente vascular cerebral.
- Stress excessivo – o stress é inerente à vida, sendo uma consequência do ritmo de vida atual. Torna-se, contudo, bastante nocivo quando é excessivo.
Sintomas de Doenças Cardiovasculares
Alguns sintomas específicos podem constituir sinais de alerta para as doenças coronárias. São eles:
- Dificuldade respiratória – pode ser o indício de uma doença coronária e não apenas a consequência da má forma física, especialmente se surge quando se está em repouso ou se nos obriga a acordar durante a noite.
- Angina de peito – manifesta-se, normalmente, por meio de uma sensação de peso, aperto ou opressão por detrás do esterno, que por vezes se estende até ao pescoço, ao braço esquerdo ou ao dorso.
- Alterações do ritmo cardíaco – é uma das situações de urgência/emergência médica cardíaca. Consiste na alteração do batimento ou ritmo cardíaco, por exemplo batimento muito rápido, muito lento ou irregular. Por vezes, é acompanhada de ansiedade, sudação, falta de força e vómitos.
- Insuficiência cardíaca – surge quando o coração é incapaz de, em repouso, bombear sangue em quantidade suficiente através das artérias para os órgãos, ou quando, em esforço, não consegue aumentar a quantidade adicional necessária. Os sintomas mais comuns são a fadiga e uma grande debilidade, falta de ar em repouso, distensão do abdómen e pernas edemaciadas.

Tratamento de Doenças Cardiovasculares
O diagnóstico das doenças cardiovasculares é feito mediante o quadro clínico apresentado pelo doente, as queixas, o seu historial médico e os fatores de risco a ele associados.
Alguns exames complementares de diagnóstico podem ser necessários, como radiografia, ecocardiograma, radioscopia, eletrocardiograma, Ressonância Magnética, angiografia, prova de esforço, PET (Tomografia Emissão de Positrões), e angioplastia.
Prevenção de Doenças Cardiovasculares
É possível reduzir o risco de doenças cardiovasculares através da adoção de um estilo de vida mais saudável:
- Deixar de fumar.
- Controlo regular da pressão arterial, nível de açúcar e gorduras no sangue.
- Praticar uma alimentação saudável, privilegiando o consumo de legumes, vegetais, fruta e cereais.
- Prática de exercício físico de forma moderada e com regularidade.
- A partir de uma determinada idade (50 anos para as mulheres e 40 anos para os homens) é aconselhável a realização de exames periódicos de saúde.
- A prevenção deve começar mais cedo para os indivíduos com história familiar de doença cardiovascular precoce ou morte súbita.
Artigo revisto e validado pelo especialista em Medicina Geral e Familiar José Ramos Osório.

Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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