A esquistossomose (bilharzíase) é uma infeção causada por um trematódeo que pertence ao género Schistosoma, um parasita que se hospeda definitivamente no ser humano mas que necessita de um hospedeiro intermediário – o caramujo – para completar o ciclo evolutivo.
Existem três tipos de vermes:
- Schistosoma haematobium – responsável pela esquistossomose vesical, existente na África, Austrália, Ásia e Sul da Europa.
- Schistosoma japonicum – provoca a doença de Katayama – encontra-se na China, Japão, Filipinas e Formosa.
- Schistosoma mansoni – responsável pela esquistossomose intestinal – encontra-se na América Central, Índia, Antilhas e Brasil.
O parasita apresenta duas fases no seu ciclo de evolução:
1- A Schistosoma encontra-se, sob a forma de ovos, na urina e nas fezes das pessoas infetadas. Em contacto com a água, os ovos evoluem para larvas, que se alojam e fixam nos caramujos (caracol que existe em meios aquáticos), e do qual se libertam na sua fase adulta. Uma vez libertadas, as larvas encontram-se livres para penetrar na pele humana.
2- O parasita entra no sistema venoso do indivíduo através da pele, onde amadurece até à fase seguinte (esquistossômulo). Nessa fase, o parasita migra (de acordo com a sua espécie) para as várias partes do corpo – bexiga, reto, intestinos, fígado, sistema venoso portal (veias que drenam sangue do intestino para o fígado), baço e pulmões.
Os parasitas desenvolvem-se até atingirem 1 a 2 centímetros de comprimento, reproduzindo-se e eliminando os seus ovos. Alguns desses ovos podem alcançar a bexiga e o intestino, sendo eliminados pelas fezes e urina, completando assim o ciclo.

Contrai-se através do contacto com água contaminada, onde o parasita se encontra.
Sintomas de Esquistossomose
A doença apresenta uma fase aguda e uma fase crónica.
Na fase aguda os sintomas são:
- Anorexia (falta de apetite).
- Vómitos.
A fase crónica pode ser assintomática podendo, contudo, haver:
- Diarreia – alternada com períodos de obstipação.
Nesta fase pode haver a evolução para um quadro mais grave com:
- Hepatomegalia (fígado aumentado).
- Esplenomegalia (aumento do baço).
- Hemorragias consequentes da rutura das veias esofágicas.
- Ascite (acumulação de líquido na região abdominal).
As complicações da esquistossomose, são:
- Cancro da bexiga.
- Insuficiência renal crónica.
- Lesão hepática crónica e baço aumentado (esplenomegalia).
- Inflamação do cólon (intestino grosso) com diarreia sanguinolenta.
- Obstrução do rim e bexiga.
- Hipertensão pulmonar.
- Infeções de repetição.
- Insuficiência cardíaca do lado direito.
Tratamento de Esquistossomose
Para o diagnóstico da esquistossomose é importante conhecer-se o histórico do doente, saber se ele esteve presente em áreas consideradas endémicas da doença, além dos sintomas e do quadro clínico apresentado. Para se ter um diagnóstico seguro, podem ser realizados exames às fezes e urina, onde se evidenciam ovos no material em questão, além de biópsia de órgãos, como da mucosa do final do intestino. Atualmente, existem exames indiretos que detetam a presença de anticorpos no sangue contra o Schistosoma.
Os exames laboratoriais para o diagnóstico da doença, incluem:
- Teste de anticorpos para verificar sinais de infeção.
- Biópsia do tecido.
- Hemograma completo para verificação de sinais de anemia.
- Contagem de eosinófilos para medir o número de determinadas células brancas.
- Testes de função renal.
- Testes de função hepática.
- Exame de fezes para observar ovos de parasitas.
- Urina tipo I para observar ovos do parasita.
O tratamento é feito com medicamentos que combatem este parasita. Existem três substâncias capazes de eliminar o parasita, sendo o Praziquantel, a droga de eleição.
Uma boa educação sanitária, saneamento básico, controlo dos hospedeiros intermediários (caramujos) e informações sobre o modo de transmissão da doença, são medidas necessárias para a profilaxia e controlo da patologia.
Prevenção de Esquistossomose
A prevenção da doença passa necessariamente pelo cumprimento de medidas de saneamento básico. Águas e sistemas de esgoto devem apresentar sempre as águas tratadas. Como tal, é importante evitar contacto com água contaminada ou potencialmente contaminada, seja para higiene, seja para nadar. Cuidados com a água ingerida também são importantes. Quando o contacto com água suja ou parada acontece, é importante a utilização de calçado de borracha. Noutros casos a eliminação dos caramujos, os hospedeiros intermediários, também poderá ser uma medida de prevenção.
Artigo revisto e validado pelo especialista em Medicina Geral e Familiar José Ramos Osório.

Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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