5 doenças e distúrbios relacionados com a voz

Saúde e Medicina
Última atualização: 15/04/2024
  • A voz desempenha um papel crucial na comunicação diária, refletindo as emoções, pensamentos e identidade de cada pessoa.
  • Os problemas na voz podem manifestar-se através de sintomas como rouquidão persistente, dificuldade em falar ou dor.
  • Existem várias medidas essenciais para prevenir alterações indesejadas na voz.

Preservar as cordas vocais e manter a saúde vocal é fundamental para garantir uma voz saudável.

Como funciona a voz?

A voz, produzida pela vibração das duas cordas vocais localizadas na laringe, é fundamental para a comunicação humana e é um dos principais elementos da personalidade.

A voz resulta do movimento vibratório das cordas vocais (também designadas por pregas vocais) resultante da passagem do ar dos pulmões durante a expiração. O som produzido é transformado e modificado em fala pelos órgãos de articulação (língua, dentes, palato, lábios) e pelas cavidades de ressonância (como a faringe, a boca, as fossas nasais e os seios perinasais) que atuam em conjunto para produzir as vogais e consoantes.

Quais os sintomas associados às doenças da voz?

As doenças da voz podem expressar-se através de variadas alterações da qualidade da voz, tais como:

  • Som trêmulo, tenso ou instável;
  • Som áspero (rouquidão);
  • Voz fraca, sussurrante ou ofegante;
  • Mudanças de tom, som muito alto ou muito baixo;
  • Tensão ou dor na garganta ao falar ou engolir;
  • Sensação de garganta irritada ou seca;
  • Sensação de cansaço ou dor na zona da garganta;
  • Sensação de “nó na garganta” ou aperto;
  • Perda da voz (afonia).

Quais as principais doenças ou distúrbios da voz?

As doenças da voz podem desenvolver-se quando as estruturas que produzem a voz são utilizadas incorretamente ou excessivamente (como gritar, falar muito alto, não repousar a voz) ou por outros fatores que não dependem dos hábitos vocais, como as infeções, inflamações, alergias ou tumores.

Laringite (crónica ou aguda)

É a inflamação da laringe, geralmente resultante de infeção viral ou do abuso vocal. Manifesta-se por uma mudança abrupta da voz, com intensidade reduzida e rouquidão. A laringite aguda ocorre repentinamente e dura algumas semanas, podendo ser tratada através do repouso e hidratação. No caso da laringite crónica, que dura mais tempo que a aguda, o tratamento depende do fator que causou a inflamação.

Refluxo faringo-laríngeo (RFL)

Consiste na presença de conteúdo ácido do estômago na garganta (faringe e laringe), que origina lesões nas mucosas. Manifesta-se através de rouquidão, tosse seca e irritativa, ardência ou irritação na garganta, sensação de expetoração, dificuldade em engolir e mau hálito.

O tratamento envolve modificações do estilo de vida e hábitos de higiene. Quando estas medidas são insuficientes, devem ser usados medicamentos que diminuem a secreção de ácido pelo estômago.

É importante salientar que o refluxo faringo-laríngeo ocorre em todas as pessoas. Este é considerado crítico quando é excessivo ou prolongado, provocando lesões nas mucosas do esófago e da garganta.

Paralisia das cordas vocais

A paralisia das cordas vocais é a incapacidade de mover os músculos que controlam as cordas vocais, pode afetar apenas uma corda vocal ou as duas, e é causada por tumores, lesões ou danos nos nervos.

Afeta maioritariamente o género feminino e os sintomas comuns são alterações na voz, podendo também afetar a respiração e a deglutição. O tratamento consiste na terapia da fala e em diversas técnicas cirúrgicas, dependendo do grau de gravidade.

Disfonia espasmódica (Espasmos das cordas vocais)

É um problema nervoso que provoca o espasmo intermitente dos músculos laríngeos, afetando as cordas vocais.

Manifesta-se dos 30 aos 50 anos, e cerca de 60% dos pacientes são mulheres. Os principais sintomas são a voz tensa, trêmula ou espasmódica, rouca ou gemida, ou ainda a pessoa não conseguir falar. O tratamento pode incluir terapia da fala e injeções de toxina botulínica nas cordas vocais.

Cancro da laringe

O cancro da laringe é um tumor maligno cujas causas mais frequentes são o tabaco e o álcool. As pessoas com cancro da laringe podem ficar roucas ou ter um caroço no pescoço, ou ainda dificuldade para respirar e engolir. O diagnóstico precoce desta doença é determinante para o sucesso do seu tratamento e este dependerá do estadio do cancro (a extensão e disseminação do mesmo pelo corpo).

Lesões benignas

Existem ainda as lesões benignas como os nódulos nas cordas vocais ou os pólipos e quistos:

  • Os nódulos vocais são pequenas lesões que se desenvolvem devido ao atrito entre as cordas vocais durante a vibração. São mais frequentes no género feminino e nas crianças, e o seu tratamento envolve sessões de terapia da fala, podendo em certos casos ser necessário recorrer à cirurgia.
  • Os pólipos e os quistos são tumores benignos que crescem muitas vezes devido ao esforço da voz. O seu tratamento requer na maior das vezes cirurgia associada à terapia da fala.

Como são diagnosticados os distúrbios da voz?

Em caso de alterações de voz que persistam mais de duas semanas, deve-se procurar um especialista em Otorrinolaringologia (especialidade médica que se dedica às doenças dos ouvidos, nariz, garganta, da cabeça e pescoço incluindo glândulas salivares e voz).

Além do levantamento dos sintomas e da sua duração, podem ser realizados vários exames às cordas vocais e laringe, tais como:

  • Laringoscopia: permite uma visão detalhada da laringe e da garganta;
  • Eletromiografia laríngea (EMG): este teste mede a atividade elétrica nervosa e muscular da garganta;
  • Estroboscopia laríngea: exame que permite visualizar as cordas vocais, os seus movimentos e funcionamento;
  • Exames de imagem: as radiografias e a ressonância magnética podem mostrar crescimentos ou outras alterações nos tecidos da garganta.

Como são tratados os distúrbios da voz?

O tratamento de um distúrbio de voz depende da sua causa, podendo incluir terapia da fala, medicação ou cirurgia. Em situações menos graves, o tratamento pode envolver o descanso da voz e a hidratação da garganta, bem como a eliminação de alguns hábitos que prejudicam a sua saúde (como fumar ou consumir álcool).

Mudanças de estilo de vida: Para aliviar ou interromper alguns sintomas, é importante saber cuidar da voz. Deve-se evitar gritar, falar ou cantar alto e sem repouso. Existem várias técnicas e exercícios para a voz que permitem relaxar as cordas vocais e os músculos.

Terapia de fala: Através de técnicas e exercícios personalizados, a terapia da fala desempenha um papel essencial na reabilitação de distúrbios da fala, linguagem, voz e deglutição.

Medicação: Alguns distúrbios de voz podem ser tratados com medicamentos, como por exemplo, os medicamentos antiácidos para aliviar o refluxo faringo-laríngeo, ou a injeção de toxina botulínica para tratar os espasmos musculares que correm na disfonia espasmódica.

Cirurgia: Consoante o distúrbio da voz, a equipa médica pode optar pela cirurgia, para, por exemplo, remover crescimentos anormais de tecido.

Como prevenir problemas na voz?

Para prevenir desenvolver problemas na voz, deve-se evitar esforçar a voz, como por exemplo falar muito alto ou durante períodos prolongados sem períodos de repouso. Existem várias medidas a tomar para cuidar da voz:

  • Evitar a exposição a fumo, pó e ar condicionado;
  • Moderar o consumo de álcool, café e chá preto;
  • Engolir vagarosamente as comidas e bebidas frias, para prevenir que as diferenças de temperatura afetem a qualidade vocal;
  • Repousar a voz em caso de constipação ou rouquidão;
  • Manter uma postura corporal correta para facilitar a respiração e evitar tensões na laringe;
  • Beber água regularmente (idealmente uma média de dois litros de água por dia);
  • Evitar pigarrear (arranhar a garganta) ou tossir de forma forçada;
  • Em profissões que dependam da voz, é fundamental aquecer as cordas vocais, usar microfone sempre que possível e aprender técnicas de respiração;
  • Em caso de alterações de voz (rouquidão, voz mais fraca ou cansada, por exemplo) que persistem mais de duas semanas, deve-se procurar um especialista.

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