Candidíase e Vaginose Bacteriana – O que fazer para prevenir

A saúde vaginal é uma grande e importante parte da saúde feminina. Apesar de ainda se poder tratar de um tabu – principalmente pela associação errada que se faz sempre entre a falta de higiene e doenças íntimas – problemas como a candidíase e a vaginose bacteriana são mais frequentes do que se julga e possuem outras causas, podendo até surgir pela higienização excessiva ou realizada de forma incorreta. Isto porque as doenças íntimas femininas resultam maioritariamente do desequilíbrio do pH e da flora vaginal. O pH é uma escala que mede a acidez de uma solução e está presente em diversas partes do nosso corpo, no entanto, o pH da vagina é diferente e por isso tão facilmente desregulado. Existem determinadas bactérias e fungos que não causam qualquer tipo de danos – a flora vaginal – e quando há um desequilíbrio da flora, o pH é modificado e ocorre uma proliferação de microrganismos nocivos.

Adicionando ao facto de doenças de natureza íntima ainda se encontrarem inseridas num estigma social de saúde e sexualidade, existe também muita desinformação disseminada. É normal que seja complicado reconhecer algumas mudanças no corpo quando não o conhece bem – ou considerar que acontecimentos normais sejam motivos de preocupação.

As infeções vaginais podem ter início com o aparecimento de alguns sintomas, como prurido (comichão) frequente e desconforto na zona íntima. O corrimento branco ou transparente é completamente normal na vida de uma mulher e é efetivamente um sinal de saúde, no entanto, deverá preocupar-se quando este apresentar alterações de cor, cheiro ou volume. Estas infeções são, por norma, rapidamente e facilmente tratadas e não precisam ser motivo de constrangimento. Se notar o aparecimento frequente destes sintomas, consulte o seu médico.

Candidíase Vaginal Vs. Vaginose Bacteriana

A Candidíase e a Vaginose Bacteriana são infeções íntimas que resultam da modificação do pH e da flora vaginal, todavia, não são iguais. É normal que exista uma ligeira confusão e que não se consiga diferenciar uma da outra, pois, para além de se tratarem de condições idênticas, cada corpo reage a cada uma delas de forma muito diferente. Mas ambas possuem origens, causas e tratamentos distintos.

A Candidíase Vaginal é uma infeção causada com o aumento de um determinado tipo de fungo (Candida, na maioria das vezes Candida albicans) e costuma caracterizar-se com sintomas como comichão e corrimento de cor branca. A Vaginose Bacteriana também é uma infeção, no entanto, é causada pelo excesso de um género de bactérias e uma das suas características é o cheiro intenso.

Candidíase Vaginal: sintomas, causas e tratamentos

Tal como acima referido, doenças íntimas femininas aparecem com mais frequência do que se julga. A Candidíase Vaginal é de facto uma das infeções mais comuns nas mulheres e afeta uma larga faixa etária, sendo mais comum dos 15 aos 44 anos. Geralmente esta é facilmente tratada, mas pode trazer problemas mais graves quando não existe tratamento.

A desregulação do pH e da flora vaginal e o excesso de fungos pode surgir em consequência de agentes como o stress, o uso de antibióticos ou de contracetivos hormonais – como é o caso da pílula –, um sistema imunológico comprometido devido a outras doenças, gravidez ou uma higienização incorreta da zona íntima. Os sintomas são facilmente identificados e é fulcral que se inicie o processo de tratamento o mais rápido possível junto de um ginecologista, que normalmente recomendará o uso de pomadas ou comprimidos antifúngicos.

A Candidíase Vaginal pode traduzir-se em:

• Comichão e sensação de ardência na região íntima;
• Inchaço e vermelhidão na região íntima;
• Corrimento espesso de cor branca;
• Dor ou desconforto ao urinar;
• Normalmente não origina odor.

Vaginose Bacteriada: sintomas, causas e tratamentos

A Vaginose Bacteriana é originada pelo excesso de bactérias que causam um desequilíbrio do pH e afetam a sua acidez. Entre as causas mais comuns destacam-se a higienização excessiva ou realizada desadequadamente, prática frequente de relações sexuais – principalmente desprotegidas –, ou ainda o facto de possuir vários parceiros ou um novo parceiro sexual. Mulheres na menstruação, com o DIU – dispositivo intrauterino – ou com doenças sexualmente transmissíveis também apresentam uma maior probabilidade de ter vaginose bacteriana. Por norma, o tratamento é feito através do uso de antibióticos.

Esteja atenta aos seguintes sintomas:

• Comichão intensa na zona íntima;
• Sensação de queimação ao urinar;
• Corrimento acinzentado;
• Odor vaginal intenso.

Prevenir é essencial

A prevenção é extremamente importante e o tratamento mais eficaz para este tipo de infeções. Manter uma rotina de higiene íntima efetuada de maneira adequada pode ser o primeiro passo para evitar estas situações. Como mencionado, qualquer uma destas infeções acontece quando a pH e a flora vaginal são, de alguma forma, comprometidos, e tal pode acontecer por diversas razões. Basta a utilização de produtos de higiene que não são adequados ao seu corpo para modificar a acidez vaginal. Se utiliza produtos específicos para o cabelo e para a lavagem do resto do corpo, porque não apostar em produtos próprios para a higienização da região íntima?

Estes são alguns dos principais cuidados que deve ter para evitar ocorrências indesejadas:

• Lave a vulva (parte externa do aparelho genital feminino) entre 1 a 2 vezes por dia;
• Não faça lavagens internas, pois a vagina limpa-se naturalmente através da lubrificação;
• Utilize os produtos especialmente desenvolvidos para a região íntima, sem perfumes fortes;
• Tente não vestir roupas muito apertadas;
• Pratique relações sexuais protegidas e certifique-se que esvazia a bexiga após a relação sexual;
• Quando vai à casa de banho, lembre-se de limpar de frente para trás, para evitar que certas bactérias entrem em contacto com a vulva.

Que cuidados devo ter se contrair Candidíase Vaginal ou Vaginose Bacteriana?

Se mesmo com todos os cuidados acabou por desenvolver uma infeção vaginal, não se preocupe. A saúde íntima é um tema que, infelizmente, não é discutido com a regularidade devida, mas é importante que não deixe que a vergonha ou o constrangimento a impeçam de procurar ajuda. Compete ao profissional de saúde realizar qualquer diagnóstico e tratamento adequado, em função do que é melhor para o seu corpo. Siga as suas recomendações e utilize os medicamentos que lhe forem receitados, opte por peças de roupa mais largas e confortáveis e faça a higienização com os produtos também recomendados. Uma alimentação saudável rica em vitaminas, proteína e fibra também a pode ajudar a melhorar.