Cosméticos biológicos: uma questão de moda ou de saúde?

Cirurgia Plástica e Estética
Última atualização: 19/01/2023
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O eco, o verde, o biológico e o orgânico chegaram à cosmética. Há cada vez mais pessoas a procurar uma alternativa natural nos produtos para pele e cabelos, mas será esta uma boa opção para todas as pessoas?

Num mundo com vontade de se aproximar cada vez mais do orgânico e do biológico, é normal que os hábitos se alterem. Preferimos legumes vindos diretamente da horta, reciclamos cada vez mais, evitamos fast-food e até passamos a levar o nosso próprio saco quando vamos às compras, para evitar o desperdício de plástico.

Esta preocupação com o ambiente e com o bem-estar passou a ser transversal a vários setores do quotidiano e a cosmética não escapou a esta onda verde. Ler rótulos deixou de ser coisa de supermercado e há cada vez mais pessoas a preferir produtos de cosmética com ingredientes 100% naturais, uma vez que, segundo as estatísticas, cerca de 60% daquilo que usamos no rosto, corpo ou cabelo é absorvido pela pele e, quando passa para a corrente sanguínea, pode ser prejudicial para o organismo.

No entanto, e ao contrário do que é atualmente apregoado, nem sempre as alternativas ditas biológicas são as mais seguras para o organismo. A dermatologista Manuela Cochito vê mais vantagens no uso de cosméticos vendidos em farmácias ou perfumarias, uma vez que aí todos os produtos passam por um rigoroso controlo de qualidade. “Se há coisa que a Europa tem de bom é este controlo a todos os produtos que são postos à venda em farmácias. Daí que seja preferível comprar nesses estabelecimentos do que nas lojas e supermercados ditos naturais, onde esse trabalho não é feito”. A especialista refere-se ao crivo de qualidade dado pelo Infarmed — Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde e pela Colipa — Associação dos Industriais de Cosmética e que está em constante atualização. “Quando fica provado que existe uma substância ou um conservante que causa alergias ou que seja de alguma forma prejudicial para a saúde, é imediatamente retirado do mercado”, explica. Foi o que aconteceu com os parabenos, por exemplo, um derivado do petróleo que deixou de fazer parte da lista de ingredientes dos cosméticos a circular na Europa. 

Cosméticos biológicos: o que são?

Um cosmético é considerado biológico quando as suas matérias-primas são maioritariamente provenientes de agricultura biológica. Por sua vez, a agricultura biológica é um sistema que exclui o uso de pesticidas, herbicidas e fertilizantes químicos, respeitando os ciclos de vida naturais.

Apesar deste cuidado com a matéria-prima, Manuela Cochito garante que mesmo tendo uma base mais natural, o produto final precisa de conservantes. “Caso contrário, em dois dias estaria podre”, garante. E se é para usar conservantes, a dermatologista prefere escolher aqueles testados e aprovados. “Não faz sentido usarmos vinagre, por exemplo, que, apesar de ser um bactericida, deixaria um cheiro insuportável. Muito menos faz sentido besuntar a cara com manteiga”, salienta, acrescentando que “com essas práticas perderíamos 200 anos de evolução”. 

A moda do biológico

A dermatologista não tem dúvidas quanto às vantagens de termos na nossa cozinha legumes biológicos e acredita que comer carne e peixe biológicos será melhor para todos. “Já quanto aos cosméticos, não tenho tanta certeza”, admite, referindo-se neste caso mais a uma moda do que a questões de saúde. “As pessoas querem tudo biológico, mas para isso é preciso que haja controlo de qualidade. No caso dos cosméticos aconselho a que se confie nas instituições e que se compre cosméticos na farmácia”.

Muitas pessoas optam por cosméticos biológicos para evitar a contaminação do corpo com químicos nocivos (como é o caso dos parabenos), porém, a utilização exclusiva de cosméticos biológicos não garante que esses ingredientes ou com efeitos semelhantes não estarão presentes.

Outro ponto importante é as alergias, muitos ingredientes naturais podem causar reações alérgicas. Um estudo publicado pelo British Journal of Dermatology demonstrou que os ingredientes naturais populares, como o óleo de árvore de chá, a lavanda e o jasmin, provocaram reações alérgicas nas pessoas.

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