Doenças autoimunes: o que são?

Saúde e Medicina
Última atualização: 22/05/2024
  • As doenças autoimunes resultam de um desequilíbrio do sistema imunológico.
  • Os sintomas variam de acordo com a doença e a parte do corpo afetada.
  • Não existe cura para as doenças autoimunes, mas é possível controlar os seus sintomas.

Estima-se que existam mais de 100 doenças autoimunes identificadas.

O que são?

O sistema imunológico tem a função de proteger o corpo contra microorganismos como parasitas, bactérias, vírus e células cancerígenas, defendendo o organismo de infeções ou doenças.

Quando o sistema imunitário confunde partes saudáveis do corpo com um agente agressor, em vez de proteger ataca as células do próprio organismo, o que resulta em inflamação e danos dos tecidos, vasos sanguíneos ou órgãos, podendo desenvolver-se uma doença autoimune.

Todos as pessoas são portadoras de alguma autoimunidade. Em condições normais, este processo está sob controlo e a autoimunidade é mantida a um nível que não causa danos, quando este controlo é ultrapassado podem surgir as doenças autoimunes.

De acordo com estudo publicado na revista científica The Lancet, cerca de um em cada dez indivíduos é afetado por uma doença autoimune. Além disso, estas doenças têm maior incidência no género feminino, atingindo três vezes mais as mulheres.

Quais os sintomas associados às doenças autoimunes?

As doenças autoimunes podem causar uma variedade de sintomas, que variam de acordo com a doença e com a parte do corpo afetada.

Salienta-se que as doenças autominunes podem ter fases mais ativas alternadas por fases em que os sintomas entram em remissão ou desaparecem.

De uma forma geral, os sintomas das doenças autoimunes podem expressar-se através de:

  • Dores musculares, articulares e de cabeça;
  • Fadiga prolongada, sem motivo;
  • Erupções cutâneas;
  • Edemas;
  • Náuseas;
  • Tonturas;
  • Febre
  • Inflamação (vermelhidão, calor localizado, dor e inchaço);
  • Queixas específicas num órgão.

Os sintomas categorizados por tipo de doença podem incluir:

  • Doenças das articulações e músculos: dores musculares, dor nas articulações, rigidez e inchaço, fraqueza muscular e inflamação;
  • Doenças do trato digestivo: inchaço, obstipação, dor abdominal, refluxo ácido, náusea, sensibilidades alimentares, sangue ou muco nas fezes;
  • Doenças da pele: erupções cutâneas, prurido (comichão), olhos, boca e pele seca, inflamação, queda de cabelo;
  • Doenças do sistema nervoso: tonturas, dores de cabeça, ansiedade e sentimentos depressivos, confusão e dificuldade em pensar, visão embaçada, insônia, problemas de memória, enxaquecas, dormência.

Quais os fatores de risco?

Não é conhecida a causa ou origem das doenças autoimunes, contudo, existem vários fatores de risco que aumentam a probabilidade de as desenvolver:

  • Medicamentos: alguns medicamentos podem aumentar a predisposição a doenças autoimunes, por isso, antes de iniciar ou interromper qualquer medicamento, é importante consultar um médico;
  • Genética e histórico familiar: ter um parente com uma doença autoimune aumenta a predisposição a estas doenças;
  • Consumo de tabaco;
  • Exposição a toxinas;
  • Género: 78% das pessoas que têm uma doença autoimune são mulheres;
  • Excesso de peso e obesidade;
  • Infeções virais.

Quais as principais doenças autoimunes?

Estima-se que existam mais de 100 doenças autoimunes identificadas.

Destacam-se as seguintes doenças autoimunes:

Artrite reumatoide

Nesta doença, as células do sistema imunitário atacam as articulações, causando inflamação, inchaço e dor, podendo provocar alterações na cartilagem, osso, tendões e ligamentos.

No nosso país, esta é a doença reumática inflamatória mais prevalente, atingindo cerca de 0,3% a 0,4% da população.

Lúpus eritematoso sistémico (LES)

Esta doença automiune afeta 0.07% dos portugueses, tipicamente mulheres em idade fértil, e caracteriza-se pela produção exagerada de anticorpos contra componentes do próprio organismo podendo afetar diversos órgãos.

Doenças inflamatórias intestinais

Nestas doenças, que podem ser divididas em 2 grupos principais, a colite ulcerosa e a doença de Crohn, o sistema imunitário ataca o revestimento dos intestinos, causando diarreia, obstipação, hemorragia retal, necessidade urgente de evacuar, dor abdominal, má nutrição e perda de peso.

Podem afetar indivíduos entre os 15 e os 30 anos, ou os 60 e os 80 anos, sendo este intervalo mais frequente na doença de Crohn.

Esclerose múltipla

A esclerose múltipla é uma doença autoimune que atinge o seu pico geralmente nas mulheres entre os 30 e os 40 anos. Nesta doença, o sistema imunitário ataca as células nervosas, causando vários tipos de sintomas que variam de acordo com os nervos afetados.

Diabetes tipo 1

A diabetes tipo 1 representa 10% dos casos de diabetes e surge maioritariamente em crianças e jovens. Nesta doença, os anticorpos atacam e destroem as células que produzem insulina, aumentando os níveis de glicose no sangue.

Síndrome de Guillain-Barré

Neste síndrome, o sistema imunitário ataca os nervos que controlam os músculos das pernas, e por vezes, dos braços e da parte superior do corpo, expressando-se em sintomas como fraqueza, dificuldade em andar e respirar.

Psoríase

Estima-se que em Portugal existam cerca de 300 mil pessoas com esta doença autoimune. Na psoríase, o sistema imunitário estimula as células da pele a reproduzirem-se rapidamente, causando placas descamativas na pele e lesões avermelhadas e espessas.

Doença de Graves

A Doença de Graves é a forma mais frequente de hipertiroidismo, afetando 20 a 30 em 100 000 indivíduos, predominando no género feminino entre os 30-60 anos de vida. Nesta doença, o sistema imunitário produz anticorpos que estimulam a tiroide a libertar quantidades excessivas de hormonas para o sangue.

Tiroidite de Hashimoto

A tiroidite de Hashimoto, também designada por tiroidite autoimune, é a principal causa de hipotiroidismo (70%) e ocorre quando os anticorpos atacam a tiroide, reduzindo a quantidade de células produzidas pelas hormonas tirodeias.

Miastenia grave

Nesta doença neurológica os anticorpos ligam-se aos nervos impedindo-os de estimular corretamente os músculos. Além de se expressar através de fraqueza e cansaço muscular, a dificuldade em coordenar os músculos das pálpebras (ptose palpebral) é típica desta doença. A miastenia grave afeta cerca de 1 a cada 5000 pessoas e pode ocorrer em qualquer idade.

Vasculite

A vasculite é uma doença autoimune pouco comum, em que o sistema imunitário ataca os vasos sanguíneos, podendo afetar qualquer órgão. Estima-se que existam cerca de 20 a 30 mil pessoas por milhão diagnosticadas em todo o mundo.

Como são diagnosticadas?

O diagnóstico de uma doença autoimune pode ser moroso dado que estas doenças apresentam sintomas semelhantes entre si e com doenças de outra natureza.

Além da análise dos sintomas descritos pelo doente e do histório de saúde pessoal e familiar, a equipa médica pode solicitar várias análises laboratoriais, tais como:

  • Exame de velocidade de hemossedimentação (VHS): este teste permite medir a velocidade de sedimentação dos glóbulos vermelhos. Na presença de inflamação, a VHS pode apresentar valores elevados;
  • Hemograma completo: este exame determina o número de glóbulos vermelhos no sangue. No caso de inflamação, o número estará diminuído.
  • Teste de anticorpos antinucleares (ANA): para detetar a presença de anticorpos antinucleares no sangue pode ser solicitado este teste. A presença destes anticorpos aumenta a probabilidade da presença de uma doença autoimune;
  • Fator reumatoide ou anticorpos contra o peptídeo citrulinado cíclico (anti CCP): o anti CCP é solicitado quando há suspeita de artrite reumatoide, dado que permite a deteção de anticorpos específicos desta doença.

A presença de anticorpos no sangue é normal (dada a função do sistema imunitário). Por isso, para determinar a presença de uma doença autoimune, a equipa médica analisa não só os resultados dos exames, como a descrição dos sintomas.

Como são tratadas?

De forma geral, as doenças autoimunes são crónicas e não têm cura, no entanto, os seus sintomas podem ser controlados.

O tratamento depende do tipo de doença autoimune e da resposta do organismo de cada indivíduo. Este passa pelo controlo da inflamação através da combinação de anti-inflamatórios não esteroides e corticosteroides, e imunossupressores para diminuir a atividade do sistema imunitário.

Para controlar eficazmente os sintomas, prevenir danos nos órgãos e garantir qualidade de vida, é fundamental detetar as doenças autoimunes o mais precocemente possível.

Como prevenir?

Não é possível garantir a prevenção destas doenças, contudo, existem várias estratégias que se podem adotar para minimizar o risco de desenvolver uma doença autoimune, tais como:

  • Adotar um estilo de vida ativo e equilibrado (com cuidados na alimentação e prática de exercício físico);
  • Limitar o consumo de tabaco, álcool e alimentos processados;
  • Evitar a exposição às toxinas ambientais (como produtos químicos ou pesticidas, por exemplo).

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