Nutrição e prevenção: mitos

A alimentação é uma necessidade básica do ser humano, essencial para a saúde, o bem-estar e a prevenção de doenças.

De acordo com o Global Nutrition Report, 20% a 25% de todas as mortes em adultos estão relacionadas a hábitos alimentares inadequados. Em 2021, 10,6% de todas as mortes foram associadas a uma má alimentação, com as doenças cardiovasculares a destacarem-se como a principal causa de morte relacionada com a nutrição (dados do Institute for Health Metrics and Evaluation).

A nutrição tem assumido um papel de destaque na prevenção, controlo e tratamento de diversas patologias influenciadas pelos hábitos alimentares.

O conhecimento sobre nutrição é uma ferramenta indispensável no combate à desinformação. Contudo, ainda existem muitos mitos alimentares que precisam de ser esclarecidos para promover comportamentos alimentares equilibrados e apropriados.

Produtos com baixo teor de gordura são as escolhas mais saudáveis

Muitos produtos rotulados como "baixo teor de gordura" ou "sem gordura" compensam a falta de sabor com adição de açúcar ou sal. É importante ler os rótulos nutricionais, mais do que a quantidade, deve-se analisar o tipo de gorduras.

É aconselhável limitar as gorduras saturadas presentes maioritariamente na gordura de carne de vaca, margarina, manteiga, queijos gordos, charcutaria, banha de porco, nos óleos de coco e de palma, e na maioria dos alimentos processados, pois estão associados à incidência e prevalência da doença cardiovascular.

Por outro lado, alimentos como azeite, nozes, sementes, abacate e peixes gordos são ricos em gorduras insaturadas, que são benéficas para o organismo e fornecem ácidos gordos essenciais, ainda assim, são uma fonte de gordura pelo que devem ser consumidos com moderação.

Evitar o glúten pode prevenir intolerâncias

A menos que exista uma razão médica comprovada para evitar o glúten, como no caso da doença celíaca, não há evidências que sustentem benefícios significativos em retirar o glúten da alimentação.

Além disso, muitos produtos processados sem glúten, como bolos, biscoitos e snacks, podem conter quantidades elevadas de açúcar, gorduras e calorias.

Os ovos aumentam os níveis de colesterol

Embora os ovos sejam conhecidos pelo seu elevado teor de colesterol, com cerca de 224 mg por unidade, isso não significa que o organismo absorva essa quantidade na totalidade.

Os ovos são um alimento com elevado valor nutricional, com aporte energético moderado, com pouca gordura saturada e ricos em proteínas. No entanto, como com qualquer alimento, é importante consumir ovos de forma moderada, integrando-os numa dieta equilibrada.

Os produtos congelados não têm valor nutricional

Contrariamente à crença comum, congelar alimentos não compromete a sua qualidade nutricional, nem provoca a perda de vitaminas ou minerais. Pelo contrário, a congelação é um método eficiente e prático para preservar o valor nutricional dos alimentos por longos períodos, ajudando a evitar o desperdício e a degradação precoce.

Além disso, a congelação desacelera o crescimento de microrganismos e a oxidação, garantindo que os alimentos mantêm as suas propriedades essenciais por mais tempo.

O consumo de beterraba combate a anemia

Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, a beterraba não é particularmente rica em ferro hémico, um mineral essencial para a prevenção e tratamento da anemia. Para combater esta condição, será mais eficaz optar por alimentos com ferro hémico, como a gema de ovo, carne, vísceras e peixe.

No entanto, é importante salientar que os benefícios do consumo da beterraba são vários, uma vez que parece existir evidência na manutenção dos níveis de pressão arterial, a regulação do trânsito intestinal, a redução da inflamação intestinal e a melhoria da performance desportiva.

Os doces causam diabetes

O desenvolvimento da diabetes tipo 2 está frequentemente associado a uma ingestão calórica maior do que o gasto energético. Embora o consumo excessivo de doces represente um risco e deva ser moderado, o desenvolvimento da diabetes envolve uma combinação de fatores, como predisposição genética, a obesidade, e os hábitos de vida.

Para prevenir a diabetes tipo 2, é fundamental adotar uma abordagem equilibrada, que inclua a ingestão de uma variedade de vários alimentos nutritivos, em quantidades moderadas e a horários regulares de refeição.

Os peixes gordos devem ser evitados

Embora forneçam mais calorias do que os peixes magros (como a pescada e o bacalhau), peixes como o salmão, atum e sardinha não devem ser excluídos da alimentação. A sua relevância nutricional provém do elevado teor de ácidos gordos essenciais, como o ómega-3, uma gordura saudável com propriedades anti-inflamatórias, que parece contribuir, quando consumida moderadamente e integrada numa alimentação variada, para a redução do risco de doenças cardiovasculares.

O consumo regular de peixe gordo também está associado a benefícios cognitivos e à melhoria da função cerebral, além de ser uma fonte de proteínas de alta qualidade e de vitaminas lipossolúveis, como a vitamina D, essencial para a saúde óssea e imunológica.

Podemos consumir grandes quantidades de frutas sem preocupação

Embora as frutas sejam ricas em vitaminas, minerais e fibras, o seu consumo deve ser, como em qualquer outro alimento, variado e equilibrado. Algumas frutas, especialmente as mais ricas em açúcares naturalmente presentes, como a manga, a banana e as uvas, podem aumentar os níveis de glicose no sangue, o que requer moderação, especialmente para pessoas com diabetes ou resistência à insulina.

O acompanhamento nutricional por um especialista é fundamental para garantir que as necessidades alimentares de cada indivíduo sejam atendidas de forma adequada e personalizada.

Com o selo Advancecare, oferecemos-lhe várias opções de consultas de Nutrição para que se sinta bem e com mais saúde.