A menopausa é sinónimo de alterações no organismo feminino e representa o fim do período menstrual da mulher. Contudo, aliada a esta transformação, estão outras que têm repercussões tanto a nível físico e psicológico, afetando a vida a dois. Compreendê-las é o primeiro passo para transformar a menopausa numa nova etapa a nível sexual.
A menopausa caracteriza-se pela paragem da produção de estrogénios pelos ovários.
Tendo estas hormonas um papel central para o funcionamento do organismo feminino, as consequências fazem-se sentir a diversos níveis, embora cada mulher seja afetada de forma particular.
Afrontamentos, insónias e irritabilidade são algumas das manifestações mais comuns, mas esta é também uma fase em que o risco de osteoporose e de doença coronária aumentam e em que a pele e as mucosas perdem hidratação e elasticidade, o que pode ter consequências a nível sexual, nomeadamente:
Desejo
Devido à redução da produção de estrogénios, numa fase inicial o desejo pode aumentar, já que a produção de androgénios (hormonas masculinas) se mantém, bem como a sua função de promoção da libido. No entanto, tendo o desejo feminino uma forte componente psicológica, este efeito pode ser neutralizado por fatores psicológicos (por exemplo: preocupações a vários níveis, nomeadamente trabalho, idade, entre outros, a mulher estar convencida de que o desejo diminui, etc.), por fatores externos ou pela existência de doenças crónicas e pela toma de medicação (como os antidepressivos).
Atrofia genital
Resulta da falta de estrogénios e manifesta-se através de sintomas como a secura e a perda de elasticidade vaginal. Estes sintomas podem ainda ser responsáveis por dor ou hemorragia durante as relações sexuais (dispareunia) e infeções urinárias de repetição.
Incontinência urinária
Afeta cerca de um terço das mulheres com mais de 50 anos. As perdas de urina podem ocorrer durante as relações sexuais. Pode dever-se ao enfraquecimento da musculatura pélvica (sobretudo quando houve vários partos vaginais) e/ou a prolapso genital, descida do útero, vagina, bexiga ou reto através da vagina.
O que pode fazer?
- Fale abertamente com um especialista sobre todas as alterações e preocupações que tenha. Além de avaliar a presença de infeções, ele poderá prescrever-lhe análises hormonais e avaliar as vantagens do tratamento hormonal para reduzir o impacto da menopausa. Deverá, ainda, avaliar as soluções para a incontinência urinária, que podem ser comportamentais ou passar pela medicação ou cirurgia pouco invasiva.
- Aceite o desejo sexual com naturalidade, sem o ocultar ou coibir. Comunique abertamente com o seu parceiro e aproveite esta etapa para se reaproximar dele, reservando tempo para si e para estarem juntos.
- Use lubrificante para reduzir o desconforto e a secura vaginal. Opte por um à base de água e sem glicerina, que pode provocar irritação. Outra opção é recorrer à aplicação local de um creme, anel ou comprimidos com estrogénios ou progesterona.
- Proteja-se das doenças sexualmente transmissíveis. O facto de já não poder engravidar pode contribuir para uma maior libertação sexual da mulher, mas é importante ter em mente que a secura vaginal aumenta a suscetibilidade para infeções, pelo que é ainda mais importante usar preservativo e garantir que o parceiro sexual é saudável.
- Fortaleça a musculatura pélvica praticando exercícios de Kegel: contraia os músculos que usa para parar de urinar durante 5 a 10 segundos e relaxe durante o mesmo tempo; faça 3 séries de 10 exercícios por dia. As aulas de Pilates também podem ser muito eficazes.
- Pratique exercício físico. Além do efeito global de melhoria da saúde e bem-estar, ajuda a manter o peso, contrariando a maior tendência para acumulação de gordura própria da menopausa, sendo um excelente aliado da autoestima e, assim, da libido.
A mente tem um papel central na sexualidade, pelo que além das alterações fisiológicas que ocorrem na menopausa, é muito importante a forma como a mulher as encara. Estar a par das alterações que ocorrem e das formas de lhes fazer face pode fazer a diferença para o bem-estar sexual nesta nova etapa da vida.

Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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