A síndrome de Guillain-Barré (polineuropatiaaguda ascendente) é uma doença auto-imune, grave que ocorre quando o sistema imunológico do organismo ataca parte do sistema nervoso, levando à inflamação dos nervos e provocando fraqueza muscular. É uma forma de polineuropatia aguda, rapidamente progressiva e caracterizada por debilidade muscular que, por vezes, conduz à paralisia total.
A síndrome surge, normalmente, após uma infeção ligeira, como uma infeção pulmonar ou gastrointestinal. Na maioria das vezes, os sinais da infeção original desaparecem antes de surgirem os sintomas da síndrome de Guillain-Barré.
A síndrome de Guillain-Barré afeta mais frequentemente o revestimento do nervo (bainha de mielina). Essa lesão é chamada de desmielinização e faz com que os sinais nervosos se propaguem mais lentamente, ou mesmo deixem de existir. O dano a outras partes do nervo pode fazer com que o nervo deixe de funcionar completamente.

A síndrome de Guillain-Barré afecta e enfraquece o organismo deixando o doente prostrado e bastante debilitado.
Cerca de 30% das pessoas (inclusive uma percentagem superior em crianças com esta doença) têm ainda debilidade ao fim de 3 anos. Depois de uma melhoria inicial, aproximadamente 10 % dos doentes têm recidivas e desenvolvem uma polineuropatia. Como a bainha de mielina dos nervos periféricos tem capacidade de se regenerar, a grande maioria dos pacientes consegue recuperar todos (ou quase todos) os movimentos.
Após 1 ano de doença, 60% dos pacientes apresentam recuperação completa da força muscular e 85% recuperam o suficiente conseguindo caminhar sem ajuda, mantendo uma vida praticamente normal.
As sequelas só costumam ocorrer nos casos mais graves.
A síndrome pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum em pessoas de ambos os sexos entre 30 e 50 anos.
Causas da Síndrome de Guillain-Barré
A síndrome de Guillain Barré deve-se, provavelmente, a uma reação auto-imune (o sistema imune ataca a bainha da mielina). Em 80 % dos casos, os sintomas iniciam-se entre 5 dias e 3 semanas após uma perturbação infecciosa trivial, uma intervenção cirúrgica ou após vacinação.
Algumas pessoas podem desenvolver a síndrome de Guillain-Barré após uma infeção bacteriana.
Suspeita-se que alguns casos de síndrome de GuillanBarré possam ter surgido como efeito colateral da vacinação contra a gripe suína em 1976.
A síndrome é mais frequente em doenças como:
- SIDA
- Herpes simples
- Mononucleose
- Lúpus eritematoso sistémico
- Doença de Hodgkin
Sintomas da Síndrome de Guillain-Barré
A síndrome de Guillain-Barré danifica partes dos nervos. Os sintomas mais comuns são:
- Debilidade (sintoma principal). Em 90% dos afetados, a debilidade é mais acentuada entre a 2ª e a 3ª semanas. Em 5% a 10% dos casos, a debilidade manifesta-se ao nível dos músculos respiratórios, ao ponto de ser, por vezes, necessário um ventilador artificial.
Cerca de 10% dos doentes necessitam de ser alimentados por via parentérica ou através de uma gastrostomia (sonda alimentar) devido à debilidade dos músculos da face para a deglutição. - Parestesias e perda da sensibilidade em ambas as pernas e, posteriormente, nos braços.
- Fraqueza muscular.
- Paralisia.
O principal risco da patologia encontra-se associado aos casos em que há acometimento dos músculos respiratórios e da face, provocando dificuldade para respirar, engolir e manter as vias aéreas abertas. Até 30% dos pacientes com SGB precisam ser ligados a um ventilador mecânico (respirador artificial).
Cerca de 70% dos pacientes também apresentam outros sintomas além da fraqueza/paralisia muscular, como taquicardia (coração acelerado), hipertensão ou hipotensão, perda da capacidade de suar, arritmias cardíacas, retenção urinária ou constipação intestinal. A dor nos membros enfraquecidos é comum e ocorre, devido à inflamação dos nervos.
Em geral, a Guillain-Barré progride por duas semanas, mantém-se estável por mais duas e começa a regredir. A recuperação poderá demorar várias semanas ou meses. Em alguns pacientes, a SGB progride tão lentamente que a doença começa a regredir antes mesmo de chegar à parte superior do corpo. Estes são os casos que apresentam melhor prognóstico e menor risco de sequelas.
Tratamento da Síndrome de Guillain-Barré
A doença é diagnosticada de acordo com o padrão dos sintomas, dado que não há qualquer exame laboratorial específico da síndroma de Guillain-Barré. Com o objetivo de afastar outras possíveis causas de debilidade profunda, são efetuados diversos exames, como a análise do líquido cefalorraquidiano da medula espinhal (obtido através de uma punção lombar), um electromiograma, estudos da condução nervosa e análises de sangue.
A síndroma de Guillain-Barré requer a hospitalização, uma vez que pode agravar-se muito rapidamente.
O diagnóstico é de grande importância porque, quanto mais cedo se iniciar o tratamento adequado, melhor será o prognóstico.
Depois de estabelecido o diagnóstico, o tratamento escolhido é a plasmaférese (extração de substâncias tóxicas do sangue) ou a infusão de imunoglobinas.
As pessoas com a síndroma de Guillain-Barré podem melhorar espontaneamente mas, sem tratamento, a convalescença pode prolongar-se muito. Ao contrário, doentes com tratamento precoce podem experimentar melhorias muito rápidas (em questão de dias ou de semanas).
Todos os pacientes diagnosticados com Guillain-Barré devem ficar internados para observação – mesmo aqueles que apresentam uma forma leve da doença – uma vez que o acometimento dos músculos respiratórios pode ocorrer rapidamente.
Artigo revisto e validado pelo especialista em Medicina Geral e Familiar José Ramos Osório.

Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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