Endometriose: uma causa de infertilidade?

Maternidade
Última atualização: 15/12/2022
  • A endometriose é uma doença em que tecido endométrico que responde a estímulos hormonais começa a crescer fora da cavidade uterina.
  • Os sintomas desta doença têm tendência a ir piorando, podendo ter efeitos negativos nos órgãos onde se encontra.
  • O diagnóstico de endometriose traz alguns obstáculos à gravidez – é importante diagnosticar precocemente para analisar todas as possibilidades.
endometriose

É estimado que dez por cento das mulheres em idade reprodutiva tenham endometriose. A génese exata desta doença comum ainda é desconhecida e os sintomas desvalorizados. Exemplo disso é de muitas vezes ser detetada apenas alguns anos após o seu aparecimento.

Endometriose: o que é?

endometriose caracteriza-se pelo crescimento de tecido semelhante ao endométrio (membrana mucosa que reveste o útero) fora da cavidade uterina, implantando-se em zonas como os ovários, trompas de Falópio ou noutros órgãos próximos como a bexiga ou o intestino. O tecido endométrico que cresce nestes locais responde aos estímulos hormonais do ciclo menstrual, portanto, sangra e provoca dor como um útero normal podendo ter efeitos negativos nos locais onde este tecido se encontra (como a formação de tecido de cicatrização – podendo interferir com a função dos órgãos).

Estima-se que metade dos casos se deva a herança genética, embora existam também fatores imunológicos, hormonais e ambientais que podem ter influência. Outras teorias apontam ainda para uma ligação entre a menstruação retrógrada (quando parte do sangue menstrual recua para as trompas) e o aparecimento de endometriose. A idade média a que é diagnosticada é 27 anos, mas também pode ocorrer em adolescentes. Esta doença afeta cerca de 10 por cento de mulheres em idade reprodutiva. Adicionalmente, é uma doença que interfere na qualidade de vida da mulher e tende a ser confundida com os sintomas menstruais normais.

Riscos e sintomas

Os primeiros sinais da doença tendem a manifestar-se anos depois da primeira menstruação. As mulheres com história familiar da doença, que não têm filhos, que tenham tido algum problema de saúde que impeça a normal passagem do sangue menstrual ou que tenham infeções pélvicas ou problemas anatómicos nesta zona, têm maior probabilidade de sofrer de endometriose.

A evolução é gradual e pode provocar menstruações cada vez mais dolorosas, dores na relação sexual, bem como gerar hemorragias mais intensas, mal-estar, vómitos, problemas intestinais ou dores abdominais. Existem casos assintomáticos, embora menos frequentes. Ao longo do tempo, esta doença pode criar lesões nos órgãos afetados, com a formação de quistos, por exemplo. Os sintomas desaparecem temporariamente na gravidez e definitivamente com a menopausa.

Prevenir e tratar

A endometriose é uma doença progressiva, pelo que a melhor forma de prevenir é travar a sua evolução. Para tal, a mulher deve estar atenta aos sinais (alterações ou dores que pode sentir na menstruação ou atividade sexual) e aconselhar-se com o médico ginecologista.

Em consulta é possível pressupor que se trata desta doença mediante a descrição dos sintomas e exame pélvico. Contudo, o diagnóstico exato só se obtém por laparoscopia, exame que permite visualizar a cavidade uterina e zona pélvica e detetar as lesões ou focos de endometriose. Não há cura conhecida para esta doença, portanto, o tratamento a seguir depende dos casos, sintomas registados, extensão e localização das lesões e grau da doença (ligeiro, moderado ou severo). Pode recorrer-se ao tratamento hormonal através da toma contínua da pílula contracetiva ou de fármacos que, ao suspenderem a menstruação, neutralizam o estímulo hormonal dos focos de endometriose. Outra opção terapêutica é a remoção dos focos por via laparoscópica ou através de cirurgia. Analgésicos como o paracetamol podem ajudar em episódios dolorosos de endometriose. Pode procurar por um especialista em ginecologia perto de si na Rede Médica da AdvanceCare.

Gravidez: antes e depois

Calcula-se que cerca de 25 a 50 por cento dos casos de infertilidade têm endometriose associada, segundo a Endometriosis Foundation of America – organização sem fins lucrativos dedicada à sensibilização para a endometriose através do financiamento de investigação, apoio aos doentes e educação do público e da comunidade médica. Embora não possa ser feita uma ligação causa-efeito, a endometriose é reconhecida como um fator de risco importante para a infertilidade. Por um lado, os focos de endometriose podem criar aderências às trompas, quistos nos ovários e lesões várias que impedem no normal processo de fecundação. Por outro, o sangue libertado pode tornar o ambiente mais hostil para o espermatozoide e o óvulo. Não adiar a gravidez é uma das primeiras recomendações a seguir, já que a patologia tende a agravar-se com o tempo. Muitos casos de endometriose são detetados tardiamente, quando a mulher realiza exames para avaliar a causa para a ausência de gravidez. Dependendo do estado da doença e da dificuldade registada, pode recorrer-se à remoção prévia dos focos por laparoscopia ou cirurgia para facilitar a fecundação do óvulo ou a técnicas de procriação medicamente assistida como a fertilização in vitro. A gravidez tem um efeito benéfico nesta doença, uma vez que a ausência prolongada de menstruação (nove meses da gestação e os meses da amamentação, em que muitas vezes a mulher não menstrua) cessa o estímulo hormonal e atrofia os focos de endometriose.

A endometriose é uma doença que atinge as mulheres em idade reprodutiva e pode afetar a fertilidade. É completamente possível uma pessoa que sofra de endometriose engravidar sem ser preciso nenhuma intervenção, especialmente se for um caso leve ou moderado e a pessoa for mais jovem. No entanto, diagnosticar precocemente para controlar a evolução da doença e avaliar as soluções que a Medicina e a Procriação Medicamente Assistida têm para ultrapassar este problema permitem, em muitos casos, obter a tão desejada gravidez.

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pelo Conselho Científico da AdvanceCare.

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