Transtorno Bipolar: o que é e como tratar?
- O transtorno bipolar é marcado por alterações extremas de humor.
- Afeta homens e mulheres e, geralmente, aparece entre os 15 e os 25 anos de idade.
- Não é possível prevenir nem curar esta perturbação mental, contudo é possível controlar as suas manifestações.
50% dos casos de transtorno bipolar manifestam-se pela primeira vez antes dos 25 anos de idade.
O que é o transtorno bipolar?
O transtorno bipolar, ou doença bipolar, é uma perturbação mental caracterizada por episódios de alterações de humor e níveis de atividade acentuados, com crises recorrentes entre a depressão e a mania.
Esta perturbação começa a manifestar-se na adolescência ou durante o início da vida adulta (entre os 15 e os 25 anos de idade), verificando-se que 50% dos casos ocorrem antes dos 25 anos. Contudo, o transtorno bipolar também pode começar a manifestar-se noutras fases, em idades mais novas ou mais velhas, permanecendo ao longo de toda a vida.
A nível mundial, o transtorno bipolar afeta certa de 1% da população, com prevalência idêntica em ambos os géneros.
Não existe um método específico para prevenir a perturbação bipolar, nem existe cura, sendo por isso, essencial conhecer os sintomas para o seu diagnóstico e tratamento adequados.
Como se caracterizam os episódios?
As pessoas com perturbação bipolar podem ter episódios de exaltação maníaca ou episódios depressivos.
Estes episódios podem ser graves, moderados ou leves e impactam o comportamento, sensações e emoções da pessoa, afetando a qualidade de vida e autonomia.
A frequência e duração de cada episódio é variável, podendo uma pessoa estar em fase maníaca ou depressiva durante alguns dias ou meses. Da mesma forma, os períodos de estabilidade entre as crises também têm durações variáveis. Um tratamento adequado encurta a duração das crises e pode até preveni-las.
Episódios de exaltação maníaca ou mais moderados hipomaníacos
Este estado de humor é expansivo, eufórico ou irritável, as pessoas sentem-se excessivamente aceleradas e felizes, muito enérgicas e muito mais ativas do que o normal.
Episódios depressivos
O estado depressivo é caracterizado por tristeza, desespero e perda de energia.
Quais os sintomas associados a cada episódio?
Cada episódio do transtorno bipolar é caracterizado por sintomas específicos que acontecem ao longo de um determinado período.
Os sintomas mais comuns durante os episódios maníacos ou hipomaníacos são:
- Energia excessiva;
- Grande agitação com alterações emocionais súbitas e imprevisíveis, o que pode levar a um discurso muito rápido e confuso;
- Sentimentos eufóricos e crenças irrealistas;
- Reação excessiva a estímulos;
- Diminuição da necessidade de sono, podendo passar dias sem se sentir cansaço;
- Descontrolo de impulsos, que podem manifestar-se por gastos excessivos e comportamentos imprudentes;
- Energia sexual elevada e conduta sexual inadequada;
- Irritabilidade extrema com explosões de raiva desproporcionadas;
- Incapacidade em reconhecer a doença com tendência a recusar o tratamento;
- Autoestima exageradamente elevada;
- Abuso de álcool e drogas.
Nos episódios depressivos, o principal sintoma é a tristeza profunda e persistente, podendo ainda manifestar-se:
- Alterações no sono (insónia ou hipersónia);
- Redução do apetite e perda de peso, ou pelo contrário aumento do apetite e de peso;
- Irritabilidade ou agitação;
- Pensamento lento, esquecimento e dificuldade de concentração;
- Perda de interesse e dificuldade em tomar decisões;
- Fadiga ou perda de energia;
- Sentimentos de desespero, culpa e impotência;
- Baixa autoestima;
- Pensamentos de automutilação e suicídio.
Nos casos mais graves, os pacientes podem ainda manifestar sintomas psicóticos, ocorrendo delírios (onde acreditam em coisas que não são verdadeiras) e alucinações (veem, ouvem, sentem e cheiram coisas que não são reais).
Quais os fatores de risco?
Não existe um método específico para prevenir a perturbação bipolar, nem existe cura. Existem vários fatores que predispõem para a doença, mas que ainda estão a ser estudados.
Cerca de 80 a 90% dos indivíduos com perturbação bipolar tem um familiar com essa doença ou com depressão, considerando-se que a genética influencia na predisposição para desenvolver este transtorno.
Outros fatores que influenciam a probabilidade de desenvolver transtorno bipolar são os ambientais, tais como o stress extremo, distúrbios de sono, consumo de drogas e álcool.
Como se diagnostica?
O diagnóstico precoce da doença bipolar é fundamental para um tratamento correto e, se possível, para a prevenção da ocorrência de crises.
Para diagnosticar o transtorno bipolar, o médico pode realizar um exame físico, realizar uma entrevista e solicitar exames laboratoriais. O exame físico e os exames laboratoriais não permitirão a deteção do transtorno bipolar, mas auxiliam a excluir outras doenças que se assemelham ao distúrbio, como por exemplo o hipertireoidismo.
Para ser diagnosticada com transtorno bipolar, uma pessoa deve ter experienciado pelo menos um episódio de mania ou hipomania. E, para determinar que tipo de transtorno bipolar uma pessoa tem, os profissionais de saúde mental avaliam o padrão dos sintomas e o grau de comprometimento da pessoa durante os episódios mais graves.
O diagnóstico do transtorno bipolar é demorado e difícil e, como consequência, muitos doentes sofrem durante anos ou décadas.
Quais os tipos de transtorno bipolar existentes?
Considera-se a existência de quatro tipos de transtorno bipolar:
Transtorno Bipolar I: considerada a forma mais grave da perturbação, com alternância de episódios de mania e de depressão. Para ser diagnosticado com transtorno bipolar I, os episódios maníacos de uma pessoa devem durar pelo menos sete dias ou ser tão graves que seja necessária hospitalização.
Transtorno Bipolar II: neste tipo de transtorno bipolar, as pessoas experimentam episódios depressivos alternando com episódios hipomaníacos, mas sem ocorrer um episódio maníaco completo.
Transtorno Ciclotímico ou Ciclotimia: na ciclotimia, as pessoas experimentam hipomania e depressão leve por pelo menos dois anos. Neste tipo de transtorno, os períodos de humor normal duram menos de oito semanas.
Transtorno Bipolar Não Especificado: quando uma pessoa não atende aos critérios para transtorno bipolar I, II ou ciclotimia, mas também ainda não apresentou períodos de elevação do humor significativos é diagnosticada com transtorno bipolar não especificado.
Quais os tratamentos?
A perturbação bipolar é uma doença sem cura, por isso, o tratamento passa por controlar a doença.
O tratamento faz-se geralmente através de medicação (medicamentos estabilizadores do humor) e pode ser complementado com psicoterapia.
Os medicamentos estabilizadores do humor conseguem controlar a doença, diminuindo a probabilidade de recaídas, tanto das crises de depressão como de mania.
Para que o tratamento da perturbação bipolar possa ter sucesso e a doença estar controlada existem fatores que são necessários seguir. Assim sendo, é aconselhado que a pessoa com transtorno bipolar:
- Reconheça que está doente e siga as indicações terapêuticas;
- Monitorize a qualidade do sono;
- Aprenda a identificar os sinais de alerta que desencadeiam os episódios;
- Siga um estilo de vida saudável com uma alimentação equilibrada, prática de exercício físico, e sem stress;
- Evite o consumo de álcool e drogas;
- Não pare de tomar os medicamentos, mesmo que se sinta recuperada;
- Contacte a equipa médica sempre que tiver pensamentos de automutilação ou suicídio.
Relativamente à psicoterapia, o apoio psicológico individual e familiar é um complemento indispensável para o tratamento.
Resumindo, com um bom plano de tratamento que inclui psicoterapia, medicação, estilo de vida saudável e identificação precoce dos sintomas, é possível conviver de forma equilibrada com o transtorno bipolar.
Como lidar com um familiar ou amigo com transtorno bipolar?
Se tem um familiar ou amigo com transtorno bipolar, é importante envolver-se no tratamento e prestar apoio emocional. Há algumas dicas que pode seguir para ajudar, tais como:
- Ser paciente: esforce-se por compreender as oscilações de humor e adapte os seus comportamentos perante as reações da pessoa;
- Procurar ajuda profissional: caso o transtorno bipolar esteja a dificultar o relacionamento com a pessoa, será benéfico consultar um especialista;
- Compartilhar os seus sentimentos: mostre empatia e preocupação;
- Incluir a pessoa em atividades sociais: incentive o seu familiar ou amigo a manter as rotinas;
- Contactar a equipa médica ou serviço de emergência: no caso de episódios mais extremos, com risco de consequências graves, opte sempre por procurar ajuda médica.
Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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