O fígado é um órgão volumoso, que tem inúmeras funções bioquímicas de grande importância. O fígado tem funções exócrinas (segrega bílis) e funções endócrinas, pelo papel desempenhado no metabolismo dos glúcidos, dos lípidos e dos prótidos. Para além de funções de depuração e desintoxicação, tem ainda um papel na boa regulação da função da coagulação. Intervém na síntese de fibrinogénio, protrombina, heparina e é reservatório das vitaminas A,B,D e K.
O termo ‘Fígado gordo’ (Esteatose Hepática) refere-se a uma acumulação de gordura nas células do fígado – acima dos 10% do seu peso total. A acumulação excessiva de gordura no fígado pode levar à degenerescência do órgão, por infiltração tecidular e celular de gorduras, situação que corresponde à esteato-hepatite ou hepatite gorda e que pode evoluir para cirrose.
A esteatose hepática constitui, asism, o estadio anterior ao desenvolvimento da esteato-hepatite.
A esteatose hepática é uma doença frequente que:

Desenho anatómico de um fígado. Este órgão produz a bílis que é transportada em canais biliares (verde) e é armazenada na vesícula biliar. O sangue é trazido para e a partir do fígado pelas veias (azul) e as artérias (vermelho). O fígado gordo é conhecido como esteatose hepática.
– Afeta cerca de 20-30% da população independentemente da idade, género ou etnia.
– Afeta sobretudo os homens em idades mais avançadas e as mulheres pós-menopáusicas.
– Afeta, em Portugal, cerca de 15% dos adultos, (aproximadamente, 1.200.000 casos, dos quais 200.000 a 300.000 com as formas mais graves da doença que podem progredir para cirrose hepática).
– Pode afetar cerca de 3% das crianças (20 a 50% das crianças obesas).
– Pode ser encontrado em crianças com idades próximas dos 4 anos.
A esteatose pode ser uma situação simples, que não causa lesão do fígado, ou pode evoluir para inflamação e lesão do tecido hepático. Estas formas mais graves podem evoluir para cirrose.
Causas de Esteatose Hepática (Fígado Gordo)
A acumulação de gordura no fígado resulta de:
- Ingestão excessiva de quantidades de gordura (de tal forma que o organismo não consegue processá-las).
- Ingestão de bebidas alcóolicas.
- Peso acima do normal ou obesidade – (mais de 70% dos pacientes com esteatose são obesos – quanto maior o sobrepeso, maior o risco)
- Diabetes tipo 2.
- Resistência a insulina.
- Colesterol elevado.
- Uso de alguns medicamentos (amiodarona, estrogénios, corticóides, tamoxifeno, antiretrovirais, tetraciclinas).
- Certas doenças metabólicas genéticas.
- Perda de peso rápida.
- Formas artificiais de nutrição.
- Ingestão de toxinas (produtos químicos e cogumelos) – é outras causa, ainda que mais rara, de fígado gordo.
Sintomas de Esteatose Hepática (Fígado Gordo)
A esteatose hepática leve, normalmente não causa sintomas ou complicações. Por vezes, pode surgir:
- Cansaço.
- Dor ou desconforto no quadrante superior direito do abdómen.
- Perda de apetite.
- Náuseas.
- Vómitos.
Nas formas avançadas da doença, com lesão e inflamação do fígado pode ocorrer:
- Icterícia.
- Febre.
- Ascite (distensão do abdómen por acumulação de líquido).
Diagnóstico de Esteatose Hepática (Fígado Gordo)
Durante o exame médico, o especialista consegue detetar um aumento de volume do fígado (hepatomegália). Os exames complementares de diagnóstico são, normalmente:
Ecografia abdominal – que revela um fígado aumentado de volume e brilhante.
Análises laboratoriais – que revelam um aumento das enzimas hepáticas (transaminases) em doentes obesos, diabéticos e/ou dislipidémicos.
Biópsia hepática – que permite confirmar o diagnóstico e avaliar o grau de inflamação do fígado.
Tratamento de Esteatose Hepática (Fígado Gordo)
A não existência de um tratamento específico para o ‘Figado Gordo’ implica que a regressão do quadro dependa da alteração do estilo de vida e dos hábitos de alimentares. Dieta e prática de exercício físico são fundamentais para que a alteração do quadro seja possível.
É necessário controlar as doenças associadas à situação clínica, como diabetes, alterações do colesterol e triglicéridos.
Embora a maioria dos casos tenha evolução benigna, o fígado gordo pode evoluir para cirrose, que revela um risco aumentado nos doentes com mais idade, diabéticos e nos que apresentam já inflamação do fígado (chamada esteato-hepatite não alcoólica).
Uma dieta pobre em gorduras saturadas, rica em fibras e com um consumo moderado de álcool contribui para um peso saudável e para melhorar a qualidade de vida.
O consumo de suplementos de vitamina E e C, selénio, ómega-3, ginseng, entre outros, ajudam a prevenir a Esteoatose Hepática.
Artigo revisto e validado pelo especialista em Medicina Geral e Familiar José Ramos Osório.

Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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