O priapismo é uma doença rara caracterizada por uma ereção prolongada (superior a seis horas), não associada a estímulo ou desejo sexual e não aliviada pela ejaculação.
Normalmente, o priapismo constitui uma emergência médica. O diagnóstico tardio e o proletar a detumescência do órgão, pode levar à necrose e fibrose dos corpos cavernosos do pénis, com consequente disfunção erétil (que na maioria das vezes não responde a tratamentos convencionais).
O priapismo é uma patologia rara, embora seja mais comum do que aquilo que se supõe. Estudos recentes revelam uma incidência global de 1,5/100000 homens por ano (acima dos 40 anos).
O Priapismo pode ser de dois tipos:
De Baixo Fluxo (Endo-venoso)
- Ocorre por lesão venosa, consequente de uma obstrução no conjunto de veias que drenam o pénis, impedindo que o sangue presente no órgão retorne a circulação.
- A pressão do sangue dentro do pénis eleva-se e o oxigénio transportado para a região peniana diminui, o que gera um quadro de dor intensa.
- O priapismo venoclusivo prolongado pode levar a fibrose do pénis e originar disfunção eréctil, observando-se alterações celulares significativas em apenas 24 horas.
De Alto fluxo (Arterial)
- Ocorre por uma lesão arterial, havendo ruptura de uma ou mais artérias transportam o sangue até o pénis. O sangue acede em grande volume e de forma rápida ao órgão, mas o escoamento é lento,o que leva a um estado de ereção prolongada.
- Como não há deficiência de chegada de sangue às fibras sensitivas do pénis, geralmente não há dor.
- Neste tipo de pirapismo, a consistência do pénis revela menor rigidez do que no caso de lesão venosa. O sangue consegue sair do órgão, apesar de lentamente (gera-se um estado parcial de ereção, que pode perdurar por um longo período, sem causar dor e, muitas vezes, sem prejudicar o ato sexual).
Causas de Priapismo
Priapismo venoso pode ocorrer devido a:

Órgão reprodutivo masculino e genitais, visto em corte sagital com o pénis em estado ereto, como se observa no priapismo.
- Doenças como anemia falciforme.
- Doenças neurológicas que causam lesão de fibras nervosas envolvidas no mecanismo de ereção (hérnia de disco intervertebral).
- Infiltração tumoral, pneumonia recente por micoplasma, intoxicação por monóxido de carbono, malária e outras doenças.
- Uso de medicamentos como hidralazina, metoclopramida, omeprazol, hidroxizina, tamoxifeno, testosterona, hipotensores (prazosin), antidepressivos (Prozac), ou anticoagulantes (heparina), além de substâncias injetadas no pénis para provocar ereção artificial (papaverina, fentolamina, prostaglandina E1).
- Abuso de bebidas alcoólicas e drogas (como cocaína).
- Acidentes com grande lesão do períneo e hemorragia local, podem comprometer a drenagem do sangue peniano também levando ao quadro de priapismo.
Tratamento de Priapismo
O diagnóstico de priapismo é simples, podendo ser baseado na história e evidência clínica do paciente. A presença de priapismo é confirmada pela observação de uma ereção ou semi-ereção peniana, sem participação da glande (“cabeça” do pénis”). Os corpos esponjosos (tecido que envolve a uretra) apresentam-se flácidos.
Podem ser necessários exames complementares como Doppler peniano e angiografia peniana seletiva.
O priapismo necessita de atendimento médico urgente. O tratamento tem como objetivo, esvaziar os corpos cavernosos entumescidos, melhorar a dor do paciente e prevenir a impotência definitiva.
Lesão venosa – o sangue estagnado deve ser aspirado através de punção, devendo ser introduzidas substâncias como noradrenalina que podem ajudar na detumescência peniana (regressão da ereção).
Caso essa manobra não solucione o problema, pode haver necessidade de intervenção cirúrgica, de forma a criar uma comunicação de escape do sangue (shunt) e com isso, permitir a saída do sangue do interior do pénis.
No priapismo veno-oclusivo, deve-se proceder à pesquisa da droga que possa estar a provocar o problema. Uma intervenção tardia pode comprometer definitivamente as ereções.
Lesão arterial – muitas vezes a reparação cirúrgica da artéria sangrante ou a obstrução dessa artéria por cateterismo (embolização) resolve o problema.
Artigo revisto e validado pelo especialista em Medicina Geral e Familiar José Ramos Osório.

Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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