Cancro da mama: como cuidar da saúde mental

O cancro da mama, assim como outras doenças de foro oncológico, além de afetar a saúde do corpo, também influencia o estado psicológico das pessoas que o enfrentam.

O diagnóstico e o tratamento de cancro da mama podem desencadear alterações emocionais significativas, incluindo sintomas de fadiga, depressão, ansiedade, mudanças de humor, insónia, transtorno de stress pós-traumático (TSPT), e ainda comportamentos aditivos.

De acordo com um estudo da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), 41% dos doentes e sobreviventes de cancro da mama recorrerem a ajuda profissional ao nível da saúde mental, metade dos quais com diagnóstico de depressão ou outra perturbação mental.

Destaca-se ainda que pessoas com histórico de doença mental, traumas anteriores, diagnóstico de cancro em idade mais jovem, falta de rede de apoio social (família, amigos, comunidade), baixa escolaridade e situações de insuficiência económica, têm maior predisposição a apresentar instabilidade emocional perante o diagnóstico e tratamento do cancro da mama.

Quando procurar ajuda?

Cuidar da saúde mental e do bem-estar emocional deve ser prioritário ao longo de todo o processo da doença oncológica.

Deve procurar-se apoio psicológico quando são detetados os seguintes sintomas:

• distúrbios do sono, como dificuldade em adormecer;
• mudanças de humor;
• falta de alegria ou interesse em atividades;
• mudanças no apetite;
• dificuldade em sair da cama por falta de energia e não pelos efeitos secundários do tratamento do cancro da mama;
• dificuldade na concentração ou foco;
• consumo de álcool ou drogas para reduzir os sentimentos de ansiedade e stress;
• aumento nas dores, incluindo dores de cabeça e de estômago.

Como cuidar da saúde mental?

Apoio profissional

É fundamental que os indivíduos com cancro da mama recebam apoio profissional adequado. O apoio psicológico, a psicoterapia, a terapia de grupo e os grupos de apoio desempenham um papel crucial na gestão do impacto emocional do cancro.

O objetivo destes profissionais é ajudar tanto homens como mulheres que sofram desta doença oncológica a aprender como lidar com as mudanças físicas, emocionais e de estilo de vida associadas. Além disso, prestam ainda apoio na responsabilidade de explicar a doença aos filhos e familiares.

Ao ensinar estratégias de resolução de problemas num ambiente seguro de apoio, os terapeutas e psicólogos ajudam as pessoas a superar os sentimentos de dor, medo e ansiedade.

Estratégias para cuidar da saúde mental

A gestão emocional é um processo interno que pode ser trabalhado diariamente através de medidas facilitadoras de uma boa saúde mental:

• Aceitar que se precisa de ajuda;
• Expor as emoções: falar sobre os sentimentos geradores de medo e ansiedade com a família, amigos, cuidadores ou profissionais de saúde;
• Praticar meditação ou outra técnica de relaxamento: as técnicas de relaxar a mente através de exercícios e da respiração trazem alívio mental e libertam as tensões corporais;
• Priorizar o autocuidado: escolher atividades diárias que ajudem na sensação de bem-estar e aliviem a ansiedade. Podem ser atividades simples como ler um livro, ouvir música, ou tratar do jardim;
• Assumir o controlo da sua saúde: deve-se solicitar à equipa médica um plano de acompanhamento, incluindo os exames e tratamentos para se sentir maior segurança durante todo o processo;
• Aprender a reconhecer indicadores/sinais: informar-se com a equipa médica dos sintomas e efeitos secundários dos tratamentos, assim torna-se mais fácil lidar com as alterações corporais que podem ocorrer;
• Rodear-se de energias positivas: uma boa rede de suporte contribui para o bem-estar e sentimento de segurança, por isso é importante manter as socializações com amigos ou inscrever-se em atividades onde se podem conhecer mais pessoas;
• Manter um estilo de vida saudável e ativo: respeitando o estado de saúde, deve-se praticar atividade física, dormir entre 7 a 9 horas e seguir uma dieta saudável. A atividade física deve ser ligeira, como por exemplo, caminhadas ao final do dia ou prática de yoga;
• Estabelecer metas: criar objetivos e pensar no futuro é uma forma de sentir propósito e esperança durante o tratamento;
• Juntar-se a um grupo de apoio para sobreviventes do cancro da mama: conhecer outros sobreviventes ajudará a diminuir a sensação de solidão e a partilhar os sentimentos gerados pela doença oncológica.

É importante reforçar que ninguém está sozinho neste processo e que a ajuda de profissionais de saúde mental deve ser normalizada sem estigmas.

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