Sabe mesmo como proteger a sua pele no verão?

Saúde e Medicina
Quotidiano
Última atualização: 10/08/2022

Com a chegada do verão surge a necessidade de cuidados acrescidos com a pele. A dermatologista Helena Toda Brito recorda os cuidados essenciais a ter durante a exposição solar e chama a atenção para os sinais de alarme que devem levar a procurar aconselhamento médico.

Apanhar sol é das coisas que mais apetece fazer quando chega o verão. Todavia, há cuidados que devem ser mantidos como forma de proteger a pele dos efeitos nocivos do sol. Isto porque a exposição à radiação ultravioleta não só contribui para o envelhecimento da pele como é também um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de cancro cutâneo, sendo que a pele, ao longo da vida, acumula todos os excessos sofridos. Por isso, recomendam-se cuidados na exposição ao sol a toda a gente sem exceção, devendo ser redobrados no caso de alergia ao sol, bem como em pessoas de pele clara, cabelo louro ou ruivo, olhos claros e com muitos sinais ou sardas, por serem tendencialmente mais suscetíveis a queimaduras. Pessoas que tenham diagnóstico de patologia cutânea ou realizado tratamento/cirurgia há pouco tempo, devem ainda certificar-se junto do dermatologista/cirurgião quanto aos cuidados a ter. De salientar que as crianças com idade inferior a 12 meses não devem ser expostas diretamente ao sol.

Segundo a dermatologista Helena Toda Brito, usar sempre protetor solar é a primeira regra básica para que a pele fique bem protegida no verão, sendo essencial que o mesmo seja aplicado corretamente. Por outro lado, há que evitar a exposição solar direta nas horas de maior intensidade de radiação solar, sobretudo entre as 12 e as 16 horas; usar roupa protetora, chapéu de abas largas e óculos de sol com proteção UV e ainda fazer uma exposição gradual e progressiva ao sol.

Entre as características mais importantes num protetor solar, a especialista identifica o fator de proteção solar (SPF, na sigla em inglês), que deve ser sempre igual ou superior a 30, de acordo com as necessidades de cada um. É também necessário que o produto “ofereça uma proteção de amplo espetro, protegendo a pele da radiação ultravioleta A e B, e idealmente também da luz visível e radiação infravermelha”. Por outro lado, “embora nenhum protetor solar seja totalmente à prova de água, é recomendado optar por um que contenha essa indicação, para que resista melhor à transpiração e ao contacto com a água”, afirma. Outros fatores que podem também ser considerados prendem-se com a “forma de apresentação mais adequada ao tipo de pele e à área onde é aplicado”, por exemplo, creme, leite, loção, gel, stick, spray, pó, bruma ou óleo. Deve ainda ser escolhido em função das “diferentes necessidades e especificidades da pele”, por exemplo, protetores solares pediátricos para crianças e minerais ou físicos para peles reativas”.
 

Como é que se aplica o protetor solar?

Para que o uso de protetor solar tenha a eficácia pretendida há que saber usá-lo corretamente:

  • Aplicar o protetor solar em quantidade suficiente em todas as áreas expostas, cerca de 20 a 30 minutos antes de sair de casa;
  • Prestar atenção a zonas de difícil acesso (como o dorso) e às áreas frequentemente esquecidas, como pescoço, orelhas, lábios, pés e couro cabeludo;
  • Reaplicar frequentemente ao longo do dia, a cada duas horas e sempre que transpirar ou mergulhar (mesmo que ainda não tenham passado duas horas e mesmo que o protetor seja resistente à água);
  • Verificar o prazo de validade do protetor solar, descartando o produto se estiver expirado ou se tiver sido aberto há mais de 12 meses (mesmo que esteja dentro da validade indicada na embalagem);
  • Não confiar exclusivamente no protetor solar, porque nem os mais eficazes garantem uma proteção total contra o sol, pelo que devem ser utilizados como um complemento, e não um substituto, das restantes medidas de proteção solar.

Atenção aos cosméticos e medicamentos

De acordo com a médica, há outros cuidados com a pele a ter em conta nos meses mais quentes. É importante “adaptar os cosméticos utilizados à estação do ano”, isto porque “a pele tende a ser, frequentemente, mais oleosa no verão, podendo ser benéfico substituir os cosméticos aplicados por outros mais leves e fluidos”. Da mesma forma, a especialista realça que “alguns ingredientes, como o retinol, o ácido glicólico ou a hidroquinona, podem ser menos tolerados nos meses com maior exposição solar, devendo ser evitados ou utilizados em menores concentrações”.

Igualmente relevante é o “reforço da hidratação”, o que se consegue através do “aumento da ingestão de líquidos, de modo a compensar a quantidade perdida com a transpiração e evitar a desidratação”. Há ainda que “ter atenção à medicação efetuada”, já que “alguns medicamentos tornam a pele mais sensível ao sol, desencadeando uma reação tipo queimadura mesmo com exposições moderadas ao sol”.

Então e a vitamina D?

Nos últimos tempos, fala-se cada vez mais da importância da vitamina D e da sua relação com o sol. Mas de que forma podemos garantir que conseguimos a quantidade de vitamina D necessária ao organismo sem comprometer a saúde da nossa pele? Nas palavras da dermatologista, “uma vez que a radiação ultravioleta é um carcinogéneo comprovado – é o principal fator de risco para o cancro da pele – e não existe, até à data, um valor cientificamente determinado de radiação ultravioleta que permita uma síntese máxima de vitamina D sem aumento de risco do cancro de pele. A posição da American Academy of Dermatology (AAD) e da Skin Cancer Foundation vai no sentido de desaconselhar a exposição solar propositada com este fim”. Com efeito, Helena Toda Brito partilha a recomendação da AAD, que aconselha “a obtenção da vitamina D através de uma dieta saudável, que inclua alimentos naturalmente ricos em vitamina D, como salmão, sardinhas, gema de ovo; alimentos e bebidas enriquecidas com vitamina D e/ou suplementos de vitamina D”.

“De modo a obter os benefícios do sol sem correr riscos desnecessários para a pele, deve proteger-se adequadamente a pele do sol”, reforça a médica. Até porque “mesmo cumprindo todos os cuidados aconselhados, acaba por existir sempre alguma radiação solar que atinge a pele, contribuindo para a síntese da vitamina D”, afirma, salientando que “existem estudos que mostram que as pessoas que usam protetor solar diariamente conseguem manter os seus níveis de vitamina D, não tendo sido provado que a utilização de protetor solar provoque défice de vitamina D”.

Cancro da pele: a importância da vigilância

Tendo em conta que muitos cancros da pele estão associados à exposição solar desprotegida, justifica-se uma vigilância frequente com vista a detetar a doença o mais precocemente possível. A este propósito, Helena Toda Brito sublinha que “a Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo recomenda a realização regular do autoexame da pele – mensalmente ou, pelo menos, de dois em dois meses – para verificar a existência de lesões suspeitas, assim como a avaliação anual em consulta de dermatologia”. Em relação aos sinais que devem motivar alarme, chama a atenção para algumas formas de os identificar:

Regra ABCDE – Há que prestar atenção às seguintes alterações:
            Assimetria: uma metade do sinal é diferente da outra metade;
            Bordo: irregular ou mal definido;
            Cor: o sinal teve alteração na sua coloração ou apresenta múltiplas cores (diferentes tonalidades de castanho, preto, e por vezes de vermelho, azul e branco); 
            Diâmetro: superior a 6 mm (que é aproximadamente a dimensão da borracha de um lápis);
            Evolução: houve uma alteração recente do tamanho, forma ou cor.

Sinal "patinho feio” – Se um sinal apresenta um aspeto diferente dos restantes e por isso se destaca, deve ser mostrado a um especialista. “Geralmente, os sinais do nosso corpo têm uma aparência semelhante (a mesma forma, as mesmas cores, a mesma dimensão), se for encontrado um sinal diferente dos outros deve ser considerado suspeito”, explica a médica.

Mudança recente – Um sinal que surgiu ou que se modificou recentemente (de tamanho, cor e/ou forma) pode indicar problemas.

Dor ou comichão – Quando um sinal provoca ardor, dor ou comichão deve chamar a atenção. “Embora o cancro da pele muitas vezes não provoque sintomas, pode causar dor ou comichão”, justifica a dermatologista.

Ferida que não cicatriza– Não deve ser considerado normal um sinal que tem a aparência de uma ferida, mas que não cicatriza, pelo que se deve procurar aconselhamento médico.

Sangramento– É recomendável procurar um médico no caso de um sinal que sangra ou deita algum tipo de líquido.

Lesões suspeitas – Devem chamar igualmente a atenção as lesões ásperas ou descamativas na pele, assim como as que apresentam um aspeto perolado.

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pelo Conselho Científico da AdvanceCare.

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