- O calor excessivo pode comprometer a saúde da grávida.
- A adoção de medidas simples ajuda a prevenir problemas associados ao calor.
- É importante procurar apoio médico ao identificar sinais de desconforto provocados pelas altas temperaturas.

Cuidados redobrados são essenciais para enfrentar o calor na gravidez.
As alterações climáticas estão a provocar um aumento das temperaturas na Europa, o que representa uma ameaça crescente para a saúde de grupos mais vulneráveis, como crianças, idosos, pessoas com doenças crónicas e mulheres grávidas.
A sensibilidade ao calor depende de vários fatores, incluindo características fisiológicas, como a idade ou o estado de saúde, e condições de exposição, como o tipo de atividade laboral ou a situação socioeconómica.
A exposição prolongada a temperaturas elevadas pode ter um impacto significativo no organismo, exigindo, por vezes, assistência médica urgente e podendo originar complicações graves para a saúde.
De que forma o calor pode afetar a gravidez?
O calor intenso pode representar um risco significativo para a saúde, especialmente durante a gravidez, uma vez que o corpo da mulher grávida sofre alterações fisiológicas que a tornam mais sensível às temperaturas elevadas.
A exposição ao calor pode causar alterações de saúde, tais como:
- Aumento do esforço do coração e do sistema cardiovascular, que já se encontram sujeitos a alterações fisiológicas normais na gravidez, assim como o aumento do volume sanguíneo, débito cardíaco e frequência cardíaca.
- Maior probabilidade de exaustão pelo calor, insolação (golpe de calor), desidratação e outras condições relacionadas com o calor. Estes efeitos podem manifestar-se de forma mais intensa em pessoas grávidas, pois o organismo está sob um esforço acrescido para manter a temperatura adequada, tanto da mãe, como do bebé em desenvolvimento.
- Segundo o Centers for Disease Control and Prevention, a exposição ao calor em qualquer trimestre tem sido associada a complicações na gravidez, tais como parto prematuro, natimortos e bebés com baixo peso ao nascer. Além disso, o calor durante o primeiro trimestre pode aumentar o risco de algumas malformações congénitas.
O risco de resultados adversos na gravidez aumenta com temperaturas mais elevadas e exposição prolongada ao calor. Por isso, a correta gestão do calor é essencial para garantir a saúde e o conforto da mãe e do bebé ao longo de toda a gravidez.
Quais os sintomas mais comuns do calor na gravidez?
As grávidas devem estar especialmente atentas aos sinais de exaustão pelo calor e insolação, que podem ser mais perigosos nesta fase.
Os sintomas mais comuns incluem:
- Tonturas e sensação de confusão;
- Desidratação grave;
- Perda de apetite e náuseas;
- Suor excessivo e pele pálida, fria e húmida;
- Cãibras nos braços, pernas ou abdómen;
- Respiração e batimentos cardíacos acelerados;
- Temperatura corporal igual ou superior a 38°C;
- Cansaço e esgotamento;
- Sede intensa;
- Agravamento de doenças crónicas.
Como prevenir e aliviar o desconforto causado pelo calor?
O Serviço Nacional de Saúde recomenda as seguintes medidas de proteção para a população geral:
- Procurar ambientes frescos e arejados, evitando locais abafados ou permanecer dentro de viaturas expostas ao sol;
- Beber água ou sumos naturais com regularidade, mesmo sem sentir sede, e fazer refeições leves, distribuídas ao longo do dia;
- Evitar o consumo de bebidas quentes, alcoólicas, gaseificadas, com cafeína ou ricas em açúcar;
- Evitar a exposição direta ao sol nas horas de maior calor, nomeadamente entre as 11 e as 17 horas;
- Aplicar protetor solar, com fator 30 ou superior, de 2 em 2 horas;
- Usar roupas leves, soltas, de cor clara e preferencialmente de algodão, bem como optar pelo uso de chapéu e óculos de sol;
- Evitar atividades que exijam grandes esforços físicos, como desporto ou lazer ao ar livre, durante as horas mais quentes.
Além das recomendações gerais, as grávidas devem adotar práticas específicas para garantir o seu bem-estar e o do bebé:
- Adaptar-se ao calor gradualmente, moderando as atividades físicas durante ondas de calor, sobretudo em climas quentes e húmidos, pois o corpo poderá necessitar de alguns dias para se habituar.
- Utilizar água para refrescar o corpo, tomando banhos mornos ou frios para aliviar o desconforto. Recomenda-se transportar sempre uma garrafa de água para garantir a hidratação constante, bem como um spray para borrifar o corpo.
- Aliviar o inchaço nos tornozelos e pés, que tende a agravar-se com o calor. Deve evitar-se ficar muito tempo em pé e optar por usar calçado confortável e por descansar com os pés elevados sempre que possível.
- Proteger a pele do rosto, pois o melasma (alteração pigmentária mais frequente durante a gravidez) pode agravar-se com a exposição solar. A utilização rigorosa de protetor solar e a minimização da exposição direta ao sol são essenciais para prevenir o seu aparecimento ou agravamento.
- Garantir períodos de descanso adequados em ambientes frescos e ventilados para evitar a fadiga excessiva causada pelo calor.
- Reconhecer sinais de alerta e procurar assistência médica se necessário.
Quando procurar ajuda médica?
Durante a gravidez, o corpo está mais vulnerável às condições extremas de calor, o que pode aumentar o risco de complicações para a mãe e para o bebé. Por isso, é fundamental que qualquer sinal de desconforto intenso ou de sintoma preocupante seja avaliado por um profissional de saúde.
Deve-se procurar ajuda médica imediatamente ao surgir algum dos seguintes sintomas ou sinais de alerta:
- Se não melhorar após 30 minutos de repouso ou de medidas para arrefecer o corpo;
- Corpo quente e seco, sem suor;
- Temperatura corporal igual ou acima de 40°C;
- Respiração acelerada ou sensação de falta de ar;
- Confusão mental ou dificuldade em manter-se alerta;
- Episódios de convulsão (ataques epilépticos);
- Perda de consciência ou ausência de resposta;
- Diminuição dos movimentos fetais percebidos;
- Contrações prematuras ou outras alterações no padrão habitual da gravidez.
É também importante reforçar que alguns medicamentos comuns usados na gravidez, como os indicados para tratar a hipertensão, podem aumentar a sensibilidade ao calor, agravando os sintomas e os riscos associados. Por isso, a monitorização cuidadosa e o contacto com o médico são essenciais sempre que surgirem sintomas preocupantes.

Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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